Tucanos relativizam atentado a Lula e insuflam discurso de ódio

Dois ônibus da caravana do ex-presidente Lula foram alvejados por tiros nesta terça-feira (27), no interior do Paraná. O discurso de ódio e intolerância ganhou forma e concretude, saiu dos chamados escrachos com ovos, para o chico e tiros.

alckmin e doria - Ciete Silvério/Fotos Públicas

Antes dos tiros, um grupo insuflado por bolsonaristas e lideres do MBL utilizava o chicote, símbolo da escravidão, para agredir os apoiadores da caravana de Lula.

Depois vieram os tiros contra os ônibus. Felizmente ninguém foi ferido, mas a democracia já havia sido atingida. Apesar da gravidade do fato, lideranças políticas não manifestaram preocupação, pelo contrário, deram declarações no sentido de culpar o alvo dos tiros, ou seja, quem foi vítima.

O presidenciável tucano Geraldo Alckmin (PSDB), que também é governador de São Paulo, afirmou que os petistas "colheram o que plantaram".

Alckmin não saiu do palanque e tratou o assunto como uma disputa política. Disse que integrantes do PT sempre partem para dividir o país e acabaram "sendo vítimas" da polarização que criaram.

Um dia depois da declaração, Alckmin consultou os universitários e percebeu que para ser o candidato presidenciável de "centro", como autodenomina, teria que mudar a versão do seu discurso. Publicou nas redes sociais que "toda forma de violência tem que ser condenada".

"É papel das autoridades apurar e punir os tiros contra a caravana do PT", disse em texto publicado na manhã desta quarta-feira (28), mas acrescentou: "E é papel de homens públicos pregar a paz e a união entre os brasileiros. O país está cansado de divisão e da convocação ao conflito". Pela frase do dia anterior, o conselho de "pregar a paz" vale para ele também.

O prefeito de São Paulo, João Doria, também tucano e candidato ao governo, seguiu o roteiro de ódio. "O PT sempre utilizou da violência, agora sofreu da própria violência", disse.

O deputado e também pré-candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro, também seguiu o discurso dos tucanos. Em sua página no Twitter disse que o ataque a tiros contra os ônibus da caravana de Lula foi motivada por "questões ideológicas" da própria esquerda.

"Tão ou mais grave que a corrupção institucionalizada pelo PT é a questão ideológica. Vitimizam-se e culpam terceiros pelos seus crimes. Brasil acima de tudo! Deus acima de todos!", disse.

Numa crise política profunda, cegos por seus interesses, os agentes políticos toleram o uso de balas para impedir a livre manifestação do pensamento, trilhando um caminho perigoso rumo ao fascismo.

Ao classificaram como apenas resultado da ação e reação, buscam criminalizar quem pensa diferente deles e o pior, admitem que estes sejam aniquilados não no campo das ideias, mas tirando suas vidas.