Rússia reage à expulsão de seus diplomatas

Os Estados Unidos, o Canadá e diversos países da União Europeia expulsaram diplomatas russos após o envenenamento por meio de agentes químicos de um ex-espião russo e sua filha; ambos residiam no Reino Unido, que acusa o governo russo pelo crime, apesar da inconclusão investigativa 

Rússia

Estados Unidos, Canadá, Ucrânia e 15 países da União Europeia anunciaram na segunda-feira (26) que vão expulsar mais de 130 diplomatas russos diante do suposto envolvimento da Rússia no envenamento do ex-espião Sergei Skripal e sua filha Yulia em Salisbury, na Inglaterra, no início de março. Moscou nega qualquer responsabilidade pelo ataque de 4 de março contra Skripal, a primeira ofensiva com uso de agente nervoso na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. O ex-espião, que é radicado em Salisbury desde 2011, foi encontrado desacordado ao lado da filha, Yulia, no banco de um shopping após visitar um restaurante local.

A investigação sobre o caso no Reino Unido ainda não acabou, portanto nenhuma conclusão foi alcançada; ainda assim, a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, anunciou as mais duras retaliações diplomáticas contra Moscou desde a Guerra Fria, além de expulsar 23 diplomatas russos.

Segundo informa a Abril Abril, a classe de agentes nervosos "Novichock", responsável pela intoxicação grave do agente e sua filha, foi desenvolvida em um laboratório no Uzbequistão, entre as décadas de 1970 e de 1990. Cientistas iranianos, sob supervisão da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ), sintetizaram cinco compostos que, alegadamente, integram a classe "Novichock" e que também estão na posse dos EUA e do Reino Unido – precisamente no laboratório de Porton Down, que fica a cerca de dez quilômetros da cidade de Salisbury. A Rússia alega ter destruído todo o seu arsenal químico declarado em setembro de 2017, de acordo com a OPAQ.

Em pronunciamento ao Parlamento britânico no início do mês, May culpou diretamente o Estado russo pelos envenenamentos. Ela mencionou um "padrão de agressões russas em solo europeu" e anunciou que medidas deverão ser tomadas para evitar essas práticas. 

A OTAN, conhecida pelos seus abusos militares internacionais, especialmente na intervenção agressiva em outros países e povos, também expulsou diplomatas russos da sua equipe. A maioria dos países que anunciaram a medida contra diplomatas russos pertence à União Europeia (UE), incluindo Alemanha, Itália e Espanha. Canadá, Ucrânia, Austrália e Noruega também estão no grupo. Os EUA determinaram que 60 funcionários russos deixem o país. No total, mais de 130 diplomatas russos estão sendo expulsos de duas dúzias de países.

Fonte: DW Brasil 

O Ministério do Exterior russo, Sergei Lavrov, considerou o movimento como um "gesto provocador" e disse que o país vai responder de forma equivalente nos próximos dias. "A Rússia não tolerará esse comportamento rude", afirmou.

Lavrov também afirmou que os Estados Unidos podem ter coagido alguns dos países europeus a expulsarem diplomatas russos. Mais cedo na terça-feira, o vice-chanceler Sergei Ryabkov disse que Moscou está trabalhando em uma "resposta dura" para as expulsões.

O Kremlin apresentou na terça-feira (27) o argumento com que vai tentar quebrar a aparente união entre os Estados Unidos e as potências europeias: se os países ocidentais mais pequenos aceitaram expulsar diplomatas russos, é porque foram alvo de uma "chantagem colossal" por parte de Washington.

"Quando um ou dois diplomatas são convidados a sair deste ou daquele país com pedidos de desculpas sendo sussurrados nos nossos ouvidos, percebemos que tudo isto é o resultado de uma pressão colossal, de uma chantagem colossal, que é o principal instrumento de Washington no cenário internacional", disse Lavrov durante uma conferência sobre a guerra no Afeganistão na capital do Uzbequistão, Tasckent.