Emicida: “O Brasil carece de histórias de pretos bem-sucedidos”

Talvez Emicida, nome artístico de Leandro Roque de Oliveira, não tivesse a mais vaga ideia de onde realmente chegaria quando lançou sua primeira mixtape, Pra Quem Já Mordeu Cachorro por Comida, Até que Eu Cheguei Longe, em 2009. Provavelmente, ele não imaginava que depois de pouco mais de 10 anos do lançamento do hit Triunfo, veria sua história contada nas telas dos cinemas. Foi o que anunciaram esta semana a produtora RT Features e a gravadora Laboratório Fantasma.

Emicida - Divulgação

Ainda sem título definido, as filmagens da cinebiografia de Emicida devem começar no segundo semestre de 2018, sob a direção do cineasta baiano Aly Muritiba, que fez Para Minha Amada Morta, A Gente, Ferrugem, entre outros. O roteiro, que já está sendo desenvolvido em parceria com o rapper, deve debruçar nos momentos-chave da vida de Emicida, como a vitória na maior batalha de rimas do Brasil, aos 21 anos de idade, a reprovação da mãe, Dona Jacira, que não queria o filho envolvido com a música, a relação com o irmão mais novo, Evandro Fióti, também rapper e dono da Laboratório Fantasma, e seus dias como atendente na rede de fast food McDonald’s.

“Eu já tinha a ambição de invadir os cinemas, acho que construímos uma trajetória que, de alguma maneira, desaguaria nisso. A Laboratório Fantasma tem se aproximado lentamente do entretenimento e estendido seus tentáculos para além da música há algum tempo, tanto que participamos da SPFW (São Paulo Fashion Week), por exemplo. Estamos no meio de uma pesquisa bastante profunda para batermos o martelo em qual recorte usaremos, pois tem bastante assunto, fizemos muitas coisas, ano que vem completa 10 anos de nossa primeira mixtape, é uma efeméride importantíssima. O Brasil carece de histórias de pretos bem sucedidos sendo contadas em grande escala e por nós mesmos, nesse sentido já nascemos revolucionários”, declara Emicida em nota oficial.

O longa-metragem será feito pela mesma produtora responsável pelos filmes nacionais O Abismo Prateado, Tim Maia, Alemão e O Silêncio do Céu, além de Frances Ha, Love Is Strange, Indignation, A Bruxa, Patti Cake$, A Ciambra e o premiado Me Chame pelo Seu Nome, produzidos no exterior. “Estou muito feliz e honrado em poder contar a história de um dos principais artistas da música da atualidade no Brasil. Levar a trajetória do Emicida para as telonas é de um orgulho e uma responsabilidade enormes. Mas, ao mesmo tempo, é muito prazeroso poder contar uma história de vida tão inspiradora quanto a dele”, afirma o fundador e diretor da RT Features, Rodrigo Teixeira, que prevê o lançamento do longa em 2019.