Chile afirma que não vai ceder saída para o mar à Bolívia

“Nossas fronteiras com a Bolívia foram claramente estabelecidas no Tratado de 1904”, disse o presidente Sebastián Piñera, nesta quinta-feira (22), ao afirmar que o Chile não vai ceder uma saída para o par para a Bolívia.

Corte Internacional de Haia - Divulgação

A Bolívia levou a causa ao Tribunal Internacional de Justiça de Haia, maior instância jurídica da ONU. Mas a equipe jurídica do Chile não cedeu diante da Corte e reiterou que não pretende negociar o atual status territorial dos dois países.

O Chile se posicionou durante a segunda, de quatro sessões que serão realizadas esta semana no Tribunal, para julgar a causa. Há dez anos a Bolívia disputa em Haia uma saída soberana para o mar.

De acordo com o porta-voz chileno Claudio Grossman, seu país já resolveu a questão marítima em 1904, ao assinar o Tratado que garantia à Bolívia usar uma faixa do território do Chile para chegar ao Oceano Pacífico.

“O Chile já reconheceu à Bolívia o direito mais pleno e sem restrições para o trânsito em seu território e portos do Pacífico”, afirmou Grossman, durante a segunda sessão do julgamento em Haia.

Em seguida, o presidente chileno, Piñera, reforçou a afirmação em sua conta no Twitter e disse que seu país vai continuar cumprindo o Tratado de 1904, sem margem para novas negociações.

“A posição chilena em Haia é sólida e se sustenta em argumentos jurídicos históricos. Nossas fronteiras com a Bolívia foram claramente estabelecidas no Tratado de 1904, validamente celebrado e plenamente vigente e que o Chile cumpre e continuará cumprindo”, disse o presidente.

Já o chefe de Estado boliviano, Evo Morales, argumenta frente à Corte que o Chile não tem cumprido este acordo e seu país encontra dificuldades para atravessar o território chileno e chegar ao mar.

A Bolívia perdeu sua faixa marítima, de cerca de 400 quilômetros, durante o episódio que ficou conhecido como a Guerra do Pacífico, em 1879, quando o Chile avançou sobre o território boliviano.

Há dez anos o país luta, em Haia, para reaver este território. O governo de Evo Morales defende que uma saída par ao mar é fundamental para a economia do país, que poderia escoar e receber produtos de outras nações. Além de defender que o povo boliviano tem, historicamente, um modo de vida caiçara, que foi usurpado com a invasão chilena.