A origem e a solução para a violência

Na verdade a solução só virá com a eleição de um governo democrático, verdadeiramente comprometido com os interesses populares e do país.

Violencia - Miranda Muniz
* Aluísio Arruda

O problema é centenário no Brasil; remonta à escravidão. A Lei Áurea em 13 de maio de 1988 “libertou” os escravos, e ao mesmo tempo os condenou ao abandono.

A chegada de milhares de italianos e migrantes propiciou farta e barata mão de obra, além disso, mais qualificada que a dos escravos, e ainda eliminando custos de moradia, alimentação, e outra despesas com os cativos.

Os fazendeiros foram substituindo os escravos pelos migrantes e para se verem livres de vez, articularam a Lei Áurea, sem se preocupar com o futuro dos negros. Nenhum projeto de geração de empregos, moradia, educação ou saúde. Milhares de famílias de “libertos”, brutalmente descartados, foram se alojar em mocambos formando favelas nas periferias das cidades, sem a mínima infra-estrutura. Para sobreviveram passaram a viver de bicos ou serviços esporádicos. Os que não conseguiam nem isso, para evitar a morte da prole começaram a praticar pequenos furtos e outros delitos.

Aí a violência começou a tomar corpo. A falta de políticas públicas mais eficazes é o responsável pelo agravamento da insegurança, pelos assaltos , mortes de inocentes, muitos por balas perdidas, pela lotação dos presídios, enfim todas as formas de violência. Hoje grandes facções, à exemplo do Comando Vermelho , dominam favelas, bairros, cidades, presídios. Em muitos desses locais tornaram se mais estruturados e mais fortes que o Estado.

O Rio de Janeiro, outrora cidade maravilhosa, parece ser hoje a capital do Comando marginal, inclusive em parceria com a banda podre das forças de “segurança”, do poder executivo e Legislativo. Talvez mais equipados que a polícia, dominam o comercio não só das drogas, e através de milícias estruturam-se em todos os bairros para dar “segurança” inclusive à empresas, residências, pessoas, etc.

Como dar solução a tamanho problema, que acumulou e se multiplicou por mais de um século.

O atual Presidente da República, o Exército brasileiro, as forças policiais, o Judiciário, a maioria do Congresso Nacional, maioria dos políticos, quase toda a mídia liderada pela Globo, entidades representativas, personalidades, candidatos, e infelizmente a maioria da população, “entendem” que o grave problema da violência se resolve com mais violência. Certo candidato ao cargo máximo do país, em alto e bom som responde, que resolverá na METRALHADORA.

Infelizmente ainda são poucos os que apontam o caminho, longo, porém eficaz, que é simplesmente o Estado cumprir o seu papel e assumir a sua responsabilidade Constitucional de garantir ao cidadão: EMPREGO, EDUCAÇÃO (de preferência em regime integral), MORADIA (com infra-estrutura básica), SAÚDE, ESPORTE e LAZER. Alguns desacreditados ou descompromissados com os direitos de qualquer ser humano, que inclusive tem dificuldade de entender que também é diuturnamente possível vítima dessa violência cruel que atinge a todos, podem dizer do alto de sua ignorância que o Estado não tem recursos para tais fins.

“Esquecem” dos bilhões ou trilhões surrupiados dos cofres públicos pela corrupção generalizada, não só de políticos, mas também por grandes empresas, da sonegação de impostos em todos os níveis , principalmente por grandes empresários e magnatas.

Na verdade a solução só virá com a eleição de um governo democrático, verdadeiramente comprometido com os interesses populares e do país.

Aluisio Arruda – Arquiteto e Jornalista, ex-presidente do PCdoB/MT