A perspectiva para as eleições russas é de que Putin seja reeleito

As eleições russas acontecerão nesse domingo (18). Na última pesquisa do instituto público VTsIOM, Putin aparece com 69% das intenções de voto. O Partido Comunista, com Pavel Grudinin, aparece em segundo lugar, com 7%. Em último está o candidato de extrema-direita Vladimir Zhirinovski, com cerca de 5%. Segundo as pesquisas, a participação dos eleitores será ampla

Putin

Às vésperas da eleição, o Kremlin faz de tudo para que a participação seja a mais alta possível. Espera-se que seja de 70 à 75%, enquanto a VTsIOM antecipa entre 63% e 67%.

Em algumas cidades, antecipou-se a abertura dos colégios eleitorais para permitir que os operários pudessem votar antes de irem para as fábricas. Em fevereiro, citando três fontes do alto escalão do governo, o jornal RBK falava de um projeto particularmente estudado para estimular os funcionários e os trabalhadores das grandes indústrias a irem votar.

"A concorrência não é suficiente", disse à AFP Andrei Buzin, copresidente do movimento especializado em defesa dos direitos dos eleitores Golos, sobre a ampla vantagem de Putin. Segundo ele, "todo o espectro político russo não está representado". Apesar disso, o atual presidente tem amplo apoio da população russa.

Em vídeo divulgado no dia do encerramento da campanha, Putin destacou que "precisamente a vontade popular, a vontade de cada cidadão da Rússia, depende do curso do país".

"A quem votar, como exercer o direito de escolher livremente, é uma decisão pessoal de cada cidadão. Mas se essa decisão for evitada, esta eleição, determinante, acontecerá sem levar em conta a opinião dos senhores", disse. "É por isso que estou me dirigindo aos senhores para pedir que compareçam no próximo domingo aos colégios eleitorais. Exerçam seu direito de escolher o futuro da nossa amada e grande Rússia".

Com a ajuda de uma cobertura favorável pela imprensa pública, Putin é visto como o homem que devolveu a estabilidade e a potência da Rússia, após os problemas dos anos 1990 com a queda da URSS, inserindo novamente o país em um patamar favorável. O governo de Putin foi responsável por devolver à Rússia importância no cenário geopolítico mundial.

Segundo a socióloga, doutoranda em geografia e membro do Conselho Consultivo do Cebrapaz, Rita Coitinho, com o fim do socialismo no bloco soviético e sua fragmentação em diversos Estados, em um processo tumultuado e repleto de conflitos étnicos, muitos dos quais fomentados e apoiados pelos países da OTAN, os EUA passaram a ocupar, sozinhos, o posto de grande potência desde os anos 1970, à revelia dos tratados internacionais para não proliferação de armamentos ou para sua eliminação – dos quais os EUA não são signatários. Com o desenvolvimento eficaz de seu arsenal de armas (incluindo as nucleares), a política dos EUA para a Rússia, mesmo com a conversão desta ao capitalismo, sempre foi de contenção e ameaças.

Rita relembra em artigo que nesse mês me março, pouco antes das eleições de domingo (18), Putin anunciou um “pacote” de armamentos que praticamente inutilizam os sistemas de defesa dos EUA e da OTAN, demonstrando que foram inúteis os esforços dos EUA para a construção dos escudos nos territórios vizinhos à Rússia (ex-repúblicas soviéticas) e que a imensa vantagem dos EUA em termos de posse de porta-aviões de última geração tornou-se questionável, em razão da existência dos novos submarinos. Putin também ressaltou que a Rússia considerará as agressões a seus aliados como agressões ao seu próprio território, em claro desafio à estratégia estadunidense de cerco e desestabilização dos países hostis à sua política. As nações que vêm enfrentando o cerco e a sabotagem estadunidense, ao que parece, ganharam um reforço inestimável. Assim, pouco antes das eleições, Putin colocou o país não só como um desafiador da ordem mundial, mas também como forte aliado para outras potências, como a China, por exemplo. Isso tudo em um momento em que os EUA, devido a agressividade e a campanha do “America First” (“America Priemeiro”) de Donald Trump, vem se afastando cada vez mais de outros países e perdendo cada vez mais a sua influência.

Putin recorre a imagem de “presidente forte para um país forte”, como prega seu slogan de campanha, que parece ser bastante popular entre os eleitores; pretende, assim, estar na sequência dos grandes líderes que governaram o país até o momento e que estão presentes no imaginário russo, desde o Czar, passando por Lênin e Stalin, até Gorbachev.