Munição que matou Marielle é de lote vendido à Polícia Federal

A munição utilizada para o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Pedro Gomes, na quarta-feira (14), é de lote vendido para a Polícia Federal de Brasília em 2006. A munição é UZZ-18, o mesmo utilizado na maior chacina da história de São Paulo.

Marielle Franco - Divulgação

Balas usadas na maior chacina de SP são do mesmo lote sob investigação no caso MarielleBalas usadas na maior chacina de SP são do mesmo lote sob investigação no caso Mariellem utilizada pelos criminosos que mataram a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Pedro Gomes veio de um lote vendido para a Polícia Federal de Brasília em 2006.

Segundo a perícia da Divisão de Homicídios, o lote de munição UZZ-18 é original, ou seja, não foi recarregada, o que não dá espaço para interpretação de que a munição poderia ter sido usada por outra arma que não a vendida para a PF.

De acordo com informações do RJTV, da TV Globo, as polícias Civil e Federal vão iniciar um trabalho conjunto de rastreamento para tentar descobrir se houve desvio do material.

“Os lotes de munições foram vendidos à PF de Brasília pela empresa CBC no dia 29 de dezembro de 2006, com as notas fiscais número 220-821 e 220-822. Em uma nova perícia feita no fim da tarde desta quinta-feira, ficou constatado que 13 disparos atingiram o veículo em que Marielle estava: nove na lataria e quatro no vidro. Ainda de acordo com a TV Globo, “o carro usado pelos criminosos tinha a placa clonada. Estão sendo feitas buscas na Baixada Fluminense pelo veículo”.

Segundo novas informações da perícia reveladas pela TV Globo, foram deixados para trás R$ 346 e três celulares que estavam com as vítimas dentro do Chevrolet Agile branco da vereadora.

“O dinheiro e os aparelhos foram apreendidos por agentes da Delegacia de Homicídios (DH), que investigam o crime. Para investigadores, o fato de nada ter sido levado comprova a linha de investigação de que Marielle foi executada. No local do crime, os policiais também apreenderam nove estojos de calibre 9mm de duas marcas marcas diferentes, uma brasileira e outra colombiana. Para a polícia, o atirador fez os disparos e, logo em seguida, os criminosos fugiram, sem nem desembarcar do veículo”, aponta a reportagem.

Com isso, dois carros participaram do crime: um Cobalt prata, onde estava o atirador, e outro veículo, que foi flagrado por câmeras da CET-Rio já obtidas pela DH se dirigindo para o local do crime. De acordo com os agentes da especializada, no segundo veículo estavam homens que observavam a movimentação da vereadora durante o evento em que ela participava, na Lapa, antes do crime. Entretanto, após a saída de Marielle do local, na Rua dos Inválidos, o carro segue o Cobalt.

A reportagem diz que a polícia trabalha com a hipótese de o segundo carro ter entrado na frente do veículo onde estava a vereadora, para facilitar o trabalho do atirador, que vinha no outro veículo. As câmeras da Prefeitura, entretanto, não mostram o local do crime, só partes do trajeto feito pelos carros, da Lapa até o Estácio. A polícia também já sabe a rota de fuga dos criminosos: eles entraram na Rua Joaquim Palhares, sentido Leopoldina, onde poderiam pegar a Avenida Brasil ou a ponte Rio-Niterói. Novas câmeras estão sendo analisadas para desvendar o resto da rota dos criminosos.

Balas usadas na maior chacina de SP são do mesmo lote sob investigação no caso Marielle

De acordo com matéria do Uol, o lote UZZ-18, encontrado no caso de Marielle, é o mesmo encontrado na maior chacina de São Paulo, que acontecveu em Osasco e Barueri,em agosto de 2015. A chacina deixou 17 mortos. 

À época, a investigação da polícia paulista descobriu que parte das cápsulas encontradas no local do crime pertencia ao lote UZZ-18, comprado pela PF de uma empresa privada. 

"Os autos do processo, balas usadas no crime de agosto de 2015, quando 23 pessoas foram mortas a tiros, são do lote UZZ-18, extraviado da Polícia Federal", afirma em reportagem.

O atual corregedor da PM (Polícia Militar) de SP, coronel Marcelino Fernandes informou ao Uol que, apesar da constatação do mesmo lote, isso não significa que forças de segurança foram as autoras da morte de Marielle e de seu motorista.