França e Índia estreitam laços com visita de Macron

O presidente francês, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, reforçam cooperação militar no oceano Índico, num encontro destinado a converter a aliança em um novo e dominante poder na região- e tentar bloquear a influência chinesa 

Macron e Modi

Macron está visitando a Índia, parte de sua agenda de viagens diplomáticas. Tanto ele quanto Modi tentam reforçar a cooperação bilateral em diferentes setores com a assinatura de uma série de contratos comerciais. 

O principal acordo será um que permitirá aos indianos usufruírem das instalações militares francesas no Oceano Índico, no momento em que a China aumenta a sua influência na região, os outros países europeus estão ocupados com seus problemas internos e os EUA retraem seu alcance devido a doutrina de Trump do "America first" ("America em primeiro lugar"). Macron pretende tornar a parceria estratégica com a Índia uma aliança dominante na cena internacional, e Modi olha para a França como parceiro ideal para contrabalançar a influência regional de Pequim. 

A China avança sua influência na região especialmente devido a criação da nova Rota da Seda, projeto chinês que pretende criar um corredor econômico que ligue a China, a Ásia Central, a europa e a África através de linhas de comboio, rodovias, portos, oleodutos e gasodutos.  

A França tem bases militares no Djibuti (África), Abu Dhabi (Oriente Médio) e Reunião (oceano Índico). Segundo a revista especializada em assuntos asiáticos Diplomat, o acordo entre Paris e Nova Deli prevê a utilização partilhada destas e de outras instalações navais, entre franceses e indianos, que permitirá à Índia alargar a sua capacidade de patrulhamento das congestionadas águas que separam o oceano Pacífico do mar Arábico.

A perspectiva dos franceses poderem vir a substituir os britânicos como principais parceiros europeus da Índia não resulta apenas do contexto geopolítico, mas de uma ambição assumida pelo próprio Emmanuel Macron: "o seu parceiro histórico sempre foi o Reino Unido e eu quero que a França se torne o novo parceiro de referência no século XXI. Penso que a Índia deve interagir muito mais com a Europa e com a União Europeia e quero que a França seja o seu ponto de entrada" disse em entrevista publicada no site da televisão India Today.

Os dois líderes têm planos ainda para reforçar a cooperação bilateral em setores como a segurança, a defesa, o contraterrorismo, a educação, a urbanização, a ciência ou a tecnologia, mas também apontam para o lançamento de projetos orientados para o crescimento sustentável e para a cooperação energética. O presidente francês e o primeiro-ministro indiano vão assinar um acordo de colaboração envolvendo os dois organismos que gerem a produção e distribuição da energia nuclear nos seus respectivos países e presidirão à primeira reunião da Aliança Solar Internacional (ISA), que tem como principal missão desenvolver uma exploração eficiente da energia solar, de forma a reduzir a dependência dos seus Estados signatários nos combustíveis fósseis.