Sepúlveda Pertence: Nem na ditadura havia a intolerância de hoje

Ex-presidente do STF, advogado de defesa de Lula critica os atuais "tempos de punitivismo".

Sepúlveda Pertence

 Ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, o advogado de Lula Sepúlveda Pertence afirma que nem na ditadura militar havia a intolerância que se tem hoje.

“Quero falar de uma angústia da qual participo, que é com o ambiente de intolerância que se tem nesses tempos de punitivismo. Seja nas assembleias, na imprensa, na conversa de botequim. Isso é o maior risco para a democracia. Passei 20 anos batalhando contra o regime autoritário. Acredito que nem nas fases mais agudas tenha havido tanta intolerância”, declarou em entrevista à Folha de S. Paulo.

Pertence contou que conhece Lula “há quase 40 anos” e que tem uma relação de amizade com o ex-presidente, de quem não está cobrando pelos serviços como advogado. “Para presidenciáveis e ex-presidentes eu trabalho de graça”, diz ele, que também advoga para José Serra, José Sarney e na criação da Rede, com Marina Silva.

Para Pertence, o julgamento no STJ que negou o habeas corpus a Lula foi uma opção pela “posição conservadora”, quando “poderia avançar e recuperar a força do princípio constitucional da presunção de inocência ou da não culpabilidade”.

O advogado também afirmou que a defesa entrará com um pedido de habeas corpus no STJ em caso de prisão do ex-presidente, e também ingressará com recursos para rever a condenação do TRF-4.