Manuela: Candidaturas da esquerda devem ampliar diálogo e fortalecer unidade

Em entrevista ao Brasil 247, a pré-candidata do PCdoB à Presidência da República, Manuela D'Ávila, falou sobre o processo política que vivemos atualmente e reafirmou a necessidade de unidade do campo progressista nas eleições de 2018.

Por Dayane Santos

Manuela no 247 - Reprodução

"O processo político brasileiro se organiza principalmente em torno das eleições… Eu creio que esse processo de denúncia, resistência e de construção também passa esse processo eleitoral. Barramos a reforma da Previdência é foi um processo importantíssimo para o povo mais pobre", enfatizou Manuela, que é deputada estadual pelo Rio Grande do Sul.

Ela reafirmou a necessidade de diálogo entre as candidaturas do campo de esquerda, principalmente para estabelecer um "projeto de futuro, com um projeto de país".

"Acho que os candidatos do nosso campo precisam compreender que nós temos o dever diante do nosso povo de estar juntos e baixar as armas. Não é o momento para trocar de farpas e buscar as adversidades", pontuou Manuela.

E acrescenta: "Precisamos reforçar vínculos e diálogos, porque temos a obrigação de estamos juntos no segundo turno. Nós tivemos experiência lamentáveis no Brasil em 2016. Eu sou a candidata mais jovens no sistema presidencial e digo: não é o momento de imaturidade diante de uma crise que destrói o Brasil e os direito do nosso povo". 

Em fevereiro foi lançado o manifesto "Unidade para Reconstruir o Brasil", assinado pelas cinco fundações vinculadas ao PCdoB, PT, PDT, PSB e Psol. O documento servirá como base programática para a realização de um amplo debate entre os partidos.

A pré-candidata do PCdoB também anunciou que vai lançar uma campanha de assinaturas pela realização de um referendo revogatório das medidas do governo de Michel Temer, como a entrega do pré-sal e reforma trabalhista.

"O referendo revogatório é um instrumento importante para que possamos dialogar com a população brasileira para estabelecer quais reformas que são importantes. Por isso, no dia 16 de abril vamos lançar uma campanha de coleta de assinaturas para revogação das medidas", declarou Manuela, que é deputada estadual pelo Rio Grande do Sul.

"A Presidência da República é um espaço de poder, mas também de construção de opinião junto à população. Então, a realização de referendos revogatórios tem relação com ter um pacto com o povo brasileiro, porque para governar com 99% do povo e enfrentar a elites precisa ter pacto".

Manuela também comentou o caso do professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) que foi denunciado após humilhar a estudante Waleska Maria Lopes em sala de aula por assistir aulas com a sua filha de cinco anos.

"Ficam constrangidos com o quê? Fazem aquela cara de que a criança não tinha que estar aqui, ou seja, a mensagem é de que a mulher não deveria estar ali. Precisamos compreender o papel do Estado na emancipação das mulheres e sobretudo das mulheres que são mães", frisou Manuela.

Ela advertiu que a grande maioria das casas de estudantes das universidades não permitem que as mulheres mães fiquem com seus filhos. A pré-candidata comunista lembrou também que as mulheres são maioria nas universidades. Mas mesmo nos cursos em que elas são maioria, as mulheres são minoria entre os docentes, mestrandos e doutorandos.

"A bolsa é o momento de seleção do estado, com subjetividade, pois no vestibular a prova é apenas um número, portanto mais mulheres entram. Quando vai conceder bolsa, aí entra o subjetivo", explica ela, apontando a discriminação de gênero.