Kim recebe delegação sul-coreana e está disposto à diálogo com EUA

Uma delegação de alto escalão foi recebida por Kim Jong-un em Pyongyang, capital da Coreia Popular; as notícias do encontro são boas: as Coreias realizarão uma histórica reunião de cúpula no mês de abril. Kim afirmou também estar disposto à um diálogo com os EUA 

Por Alessandra Monterastelli *

Kim Jong-un posa com a delegação sul-coreana - Reuters

A reaproximação entre as Coreias está avançando cada vez mais. Além de uma histórica reunião de cúpula entre os países marcada para abril, ambos concordaram em reabrir uma linha de comunicação direta entre os seus dirigentes. “O Sul e o Norte concordaram em estabelecer uma linha direta entre seus líderes para permitir consultas e uma redução da tensão militar. Também decidiram promover sua primeira conversa telefônica antes da terceira cúpula Sul-Norte”, informou o assessor de Segurança Nacional do Governo de Seul, Chung Eui-yong, segundo informa o El País.

Tudo isso foi decidido no jantar entre a delegação sul-coreana, o líder Kim Jong-un, sua esposa, Ri Sol-ju, e a sua irmã, Kim Yo-jong, em um encontro cordial e fraternal, como destacou a agência estatal de notícias KCNA.


Kim jong-un e sua família em jantar com a delegação sul-coreana

Kim Jong-un, segundo afirmou Chung, também mostrou-se disposto a dialogar com os Estados Unidos e a suspender seu programa armamentista enquanto esse diálogo transcorre. O líder norte-coreano considera que não há necessidade de continuar desenvolvendo um programa nuclear se não houver uma ameaça militar contra seu território e se existirem garantias de segurança para o seu regime comunista.

“O Norte afirmou claramente seu compromisso com a desnuclearização da península coreana e disse que não teria razão para possuir armas nucleares se fossem dadas garantias de segurança ao seu regime e eliminadas as ameaças militares contra a Coreia do Norte”, relatou Chung.

Sabe-se que a Coreia Popular sempre se queixou quanto a ataques continuos realizados em sua fronteira pelas forças norte-americanas aliadas às forças do sul. O desenvolvimento das armas nucleares por parte de Pyongyang vem sendo uma forma de conseguir ficar "de igual para igual" ao negociar com outros países que possuem arsenal nuclear. Na Assembleia Geral da ONU, em 2017, Trump fez um discurso agressivo criticado por diversos líderes mundiais onde ameaçou "destruir completamente" a Coreia Popular. Desde então a tensão tem crescido entre os dois países, e na semana passada os EUA anunciaram um pacote de sanções mais duras contra a Coreia Popular. 

Apesar dos Estados Unidos alegarem que as medidas tomadas em relação a Pyongyang são para prevenir perigos nucleares, o próprio país ocidental tem tomado uma série de medidas administrativas- impulsionadas pela gestão de Trump- para facilitar e desenvolver o seu arsenal nuclear. 


Kim Jong-un cumprimenta o chefe da delegação sul-coreana Chung Eui-yong durante encontro em Pyongyang

Nessa terça-feira (6), o preseidente Donald Trump twittou em resposta aos encontros entre dirigentes do norte e do sul. Estão sendo feitos possíveis progressos no diálogo com a Coreia do Norte. Pela primeira vez em vários anos, todas as partes interessadas estão fazendo um esforço sério. O mundo está de olho, e esperando!". E, em seguida, lê-se: "Talvez seja uma falsa esperança, mas os EUA estão preparados para irem com força na direção certa". 

O caminho da reaproximação 

A reunião de cúpula de abril será a terceira do tipo após o resultado da "política do Sol" de 2000 a 2007, quando ocorreu a primeira visita de funcionários de alto escalão. Após o início da Guerra da Coreia, em 1950, ambos os países nunca assinaram a paz, mas apenas um armistício. 

Agora, Kim espera “escrever uma nova história de reunificação nacional”, diz o Guardian, com base na informação da agência noticiosa oficial da Coreia Popular, a KCNA. Os dois países da península coreana estão tecnicamente em estado de guerra, mas seguindo o exemplo do homólogo sul-coreano, Kim está aberto à “suavização da tensão militar na península coreana”, ativando “o contato, a cooperação e a troca”.

Moon Jae-in, presidente da Coreia do Sul, por sua vez, ganhou as eleições sul-coreanas em maio de 2017 com um programa que prometia buscar o diálogo com a Coreia Popular.

A abertura para tais negociações surgiu após a Coreia Popular enviar uma delegação de atletas para jogar junto com atletas do sul, representando uma só Coreia durante os Jogos Olímpicos de Inverno.