Terroristas impedem cessar-fogo na região de Guta Oriental, na Síria 

Mesmo com cessar-fogo de 30 dias determinado pela ONU, ataques continuam na Síria; Rússia ordenou “pausa humanitária” de cinco horas por dia na região, e permitirá a criação de um corredor humanitário em Guta Oriental para saída de civis sírios

Guta Oriental

Vladimir Putin ordenou uma “pausa humanitária” de cinco horas por dia e a criação de um corredor para permitir que os civis deixem a região sitiada de Guta Oriental, reduto rebelde na periferia da capital síria, anunciou o ministro russo da Defesa, Serguei Shoigu. Trata-se do segundo cessar-fogo anunciado em um período de 48 horas, depois que o Conselho de Segurança da ONU aprovou no sábado (24) uma resolução para implementar uma trégua de pelo menos 30 dias em todo o território sírio.

Apesar do cessar-fogo ordenado pela ONU, novos bombardeios foram registrados no domingo (25), embora os ativistas locais tenham noticiado uma redução na intensidade dos bombardeios oficiais e dos morteiros rebeldes. A cada dia que passa, pesa a drástica situação médica e de fome que assola entre 250.000 e 400.000 civis (segundo as fontes locais) retidos no maior enclave rebelde da periferia da capital.

Ghouta é um entrave dominado pela oposição síria armada que tem sido atacado há semanas pelas forças de Bashar al-Assad, que recebe o apoio político da Rússia e do Irã. Em sete dias de ofensiva, mais de 500 pessoas morreram. O chefe do Exército do Irã, general Mohammad Baqeri, disse neste domingo que a Síria "continuará" suas ações militares em Ghouta. "O Irã e a Síria respeitarão a trégua da ONU, mas o cessar-fogo não incluiu os subúrbios de Damasco em mãos de terroristas. Ali, as operações continuarão", afirmou à imprensa em Teerã.

Os terroristas instalados em Guta Oriental não estão permitindo a saída da população civil ali retida. Várias facções extremistas ali localizadas, ligadas à Al-Qaeda e à Al-Nusra, anunciaram recentemente que passariam a responder a um comando único, para tentarem travar a investida do Exército Árabe Sírio (EAS). Há anos que estes grupos aterrorizam a população local e, nas últimas semanas, têm intensificado os ataques contra vários bairros de Damasco, provocando centenas de vítimas mortais e feridos entre a população civil, segundo revelam as autoridades sírias.

As últimas operações e avanços do EAS no terreno seguiram-se ao lançamento, pelos terroristas, de 31 morteiros contra várias áreas residenciais da capital síria e são já posteriores à resolução aprovada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU), que não contempla os combates a grupos terroristas como o Estado Islâmico, o chamado Exército do Islã, a Frente al-Nusra e outras organizações ligadas à Al-Qaeda. 

O exército sírio teria lançado panfletos sobre Guta Oriental com a indicação dos mapas dos corredores humanitários pedidos pela ONU, criados para garantir a saída segura dos civis da região. garantindo ainda segurança, paz, alojamento, alimentação, assistência médica gratuita e o regresso da população às suas casas após a libertação de Guta Oriental, informa a Prensa Latina. No entanto, os grupos terroristas ali localizados estão bloqueando tanto a entrada de ajuda humanitária como a saída da população civil, segundo acusações do Ministério da Defesa russo, Sergei Lavrov.


Um relatório apresentado ao Conselho de Segurança da ONU aponta o uso de armas químicas pelas forças de Bashar Al Assad, e que a Coreia Popular estaria enviando componentes químicos para supostamente auxiliar na confecção do arsenal. Contudo, o Ministério Russo já vem alertando a algumas semanas para a possibilidade dos terroristas que controlam Guta Oriental estarem preparando uma "provocação" com armas químicas. Pessoas na região sofreram, no começo da semana, sintomas de exposição ao gás cloro, filmadas pelos Capacetes Brancos (milícias ocidentais). A Abril Abril lembra que há anos as potências ocidentais e os seus aparelhos midiáticos tentam fazer das armas químicas solo fértil para plantar acusações e ameaças contra o governo de Damasco e justificar junto da opinião pública um grau maior de intervenção no país – com a consequente diabolização de quem defende o "regime de Assad'".

As acusações têm sido sistematicamente refutadas pelas autoridades sírias como "não fundamentadas" e "fabricadas" e deixou claro que procedeu a destruição do seu arsenal químico, em processo monitorado pela Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ).