Investimentos recuam novamente, com queda de 2% em 2017

Apesar de apresentar uma trajetória de recuperação nos últimos meses do ano, o indicador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que corresponde ao total de investimentos realizados no país, registrou uma contração de 2% em 2017.

Por Marcelo Manzano*

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 Com esse resultado, chega-se ao quarto ano seguido de queda do volume de investimentos no país, o que constitui talvez a mais grave faceta da crise econômica em que estamos mergulhados.

Entre as três componentes consideradas no cálculo do Ipea, o destaque positivo foi o indicador do Consumo Aparente de Máquinas e Equipamentos (Came) que avançou 3,9% no ano, em grande medida impulsionado pelo bom momento da produção agropecuária e pelo avanço das exportações automotivas percebidos em 2017.

Os demais componentes do indicador do Ipea, entretanto, permaneceram no campo negativo. A Construção Civil encerrou 2017 com uma queda ainda bastante acentuada de 5,2%, embora ensaiando uma melhora no comparativo mensal: na passagem de novembro para dezembro, houve um leve avanço de 0,5% nos investimentos em construção civil. Por fim, o terceiro componente da FBCF (Outros Ativos Fixos) manteve-se no patamar negativo em 2017, registrando queda tanto em termos anuais (-1,7%) quanto no comparativo mensal (-3,7%).

Como se nota, portanto, também no caso da FBCF reforça-se a percepção de que, embora a atividade econômica venha dando sinais de recuperação na passagem de 2017 para 2018, alguns componentes fundamentais da demanda agregada permanecem ou no campo negativo ou com números ainda muito modestos e dependentes de fatores circunscritos a segmentos específicos da produção.

Considerando que o nível de utilização da capacidade instalada ainda é baixo e que as condições de crédito de longo prazo têm piorado (em decorrência da deliberada redução do papel do BNDES e do crédito público de um modo geral), infelizmente é improvável que vejamos em 2018 uma recuperação dos investimentos com a intensidade que seria necessária.

*Marcelo Manzano faz parte do coletivo de economistas do Instituto Lula, autora da série O Brasil de Amanhã.