Depois de sete anos, a guerra se prolonga na Síria

A guerra na Síria parece estender-se para além do humanamente possível pela persistência das potências ocidentais, entre elas os Estados Unidos, e países do Oriente Médio, que buscam o desmembramento desta nação árabe.

Por Oscar Bravo Fong*

Combates em Ghouta

Como a prática social e os fatos demonstram no terreno, esses países também se propõem a imposição de um novo governo ligado aos seus interesses geopolíticos.

Contudo, o presidente Bashar Al-Assad conta com o apoio majoritário da população, como demonstram as últimas eleições presidenciais na Síria realizadas em 2014, com cerca de 91 por cento dos votos a seu favor.

Quando em março próximo se completam sete anos desde o início da cruenta guerra no território sírio imposta por países ocidentais, depois das manifestações de grupos opositores, o panorama se torna extremamente complexo.

As forças militares estadunidenses, que contam com mais de uma dezena de bases militares no território deste país árabe, são o maior obstáculo para a conquista da paz, mas também o exército turco, que desde 20 de janeiro último desenvolve uma ofensiva ilegal no norte sírio.

Até o momento, mais de 200 civis pereceram e outras centenas de pessoas ficaram feridas por ataques da aviação e da artilharia turcas contra os territórios do norte deste país do Oriente Médio.

À ilegal invasão das tropas turcas contra o enclave sírio de Afrin, condenada pelas autoridades deste país, se somam as persistentes ações armadas dos grupos terroristas.

Esses bandos extremistas, entre eles o grupo radical Estado Islâmico e a Frente para a Libertação do Levante (antiga Al-Nusra), são apoiados por Washington, as monarquias do Golfo e Israel, de acordo com diversas fontes.

Acerca da presença do Exército turco na zona de Afrin e outras áreas do norte da Síria, analistas se perguntam: por que Ancara rechaça a incursão das forças populares sírias nesses territórios que pertenecem a esta nação?

Na opinião de especialistas, nada mais justo que as forças militares de Damasco defendam o território soberano de Afrin e localidades do norte como Manbij, partes inalienáveis deste país árabe, berço de civilizações.

O exército turco, um dos mais poderosos dentro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), apesar de mostrar publicamente seu desacordo com Washington, de forma subreptícia coordena suas ações militares com os EUA em Afrin, de acordo com alguns analistas.

Washington, que mais uma vez traiu as Forças Democráticas Sírias (FDS) ao não respaldá-las contra a incursão turca, opta por proteger os remanescentes do grupo Estado Islâmico na Síria.

Segundo recentes informações de grupos civis na província nortista síria de Hasakeh, forças militares estadunidenses facilitaram na província de Deir Ezzor, no noroeste, o traslado para outras regiões seguras de um grande número de terroristas do Estado Islâmico.

Esses elementos extremistas, de acordo com os informes, combaterão os efetivos das tropas governamentais em Deir Ezzor e outros territórios deste país árabe.

O exército sírio, muitos de cujos integrantes se mantêm mobilizados pelo serviço militar desde março de 2011, também mantém abertas outras frentes de combate na província nortista de Idlib e na região de Ghouta Oriental, a leste de Damasco, capital do país.

Em Idlib, as forças leais a Damasco combatem o grupo terrorista Frente para a Libertação do Levante (antiga Al-Nusra) e outras facções extremistas como o chamado Exército do Islã.

Além de conquistar em Idlib centenas de povoados, o exército sírio recentemente retomou a base militar de Abu al-Duhur, que esteve ocupada por grupos trerroristas desde 2015.

A esses avanços das tropas governamentais se une a forte ofensiva que o exército desenvolve há vários dias, com o apoio das forças especiais Tigre, na região de Ghouta Oriental.

Depois da mobilização nessa importante área de centenas de efetivos militares, com apoio da aviação e da artilharia, as tropas governamentais se propõem o controle da importante região.

O total domínio pelas unidades militares sírias da região de Ghouta Oriental é importante, já que com isto se evitaria o lançamento de mísseis e morteiros -como ocorre com frequência – contra a cidade de Damasco e seus arredores.

De acordo com denúncias do governo sírio, nas últimas sete semanas foram lançados sobre Damasco e regiões próximas, mais de 1.700 morteiros e mísseis.

Estas violentas ações de grupos radicais provocaram desde 2012 a morte de 14 mil civis e o ferimento de outros milhares de pessoas.

Ghouta Oriental, donde moram cerca de 150 mil civis, passa atualmente por momentos dramáticos em meio à forte ofensiva antiterrorista do exército sírio, incluídas as forças especiais Tigre.

Antes de 2011, em Ghouta viviam quase um milhão de habitantes, tendo Duma como a maior e mais povoada cidade na província rural de Damasco.