Ocidente é cúmplice nos ataques terroristas em Damasco

O Ministério sírio das Relações Exteriores exigiu a condenação "imediata e firme" das Nações Unidas aos ataques de grupos terroristas radicados na região de Ghouta Oriental contra Damasco e seus arredores, que nas últimas semanas provocaram dezenas de mortos e feridos

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Numa carta dirigida na terça-feira (20) ao Conselho de Segurança das Nações Unidas e ao Secretário-Geral desta organização, o Ministério sírio das Relações Exteriores denunciou a "grave escalada" nos ataques de grupos armados terroristas localizados em Ghouta Oriental a Damasco, afirmando que, em poucas horas, esses grupos lançaram mais de 40 obuses contra a capital do país e as zonas rurais circundantes.

Essas ações – lê-se no documento, citado pela agência Sana – provocaram a morte de seis pessoas e deixaram feridas 29, além de causarem danos em áreas residenciais, escolas, hospitais e outros estabelecimentos públicos, e ainda em sedes de missões diplomáticas.

Os ataques registados ontem – que hoje já tiveram sequência, provocando mais vítimas mortais entre a população civil – seguem-se aos que, de acordo com a missiva, ocorreram nas últimas sete semanas, diariamente, a partir de Ghouta Oriental. Neste período, foram disparados mais de 1500 obuses e morteiros contra Damasco e arredores, provocando centenas de mortos e feridos, na sua grande maioria civis, indicam as autoridades sírias.

No mesmo documento, o Ministério afirma que essa escalada ocorre em um momento em que responsáveis ocidentais "fazem campanhas que só podem ser classificadas como apoio direto aos terroristas", considerando-os "cúmplices dos crimes dos terroristas contra civis inocentes", como em Alepo.

O governo sírio, que tem em curso uma ofensiva contra os extremistas da Al-Nusra em Ghouta Oriental, na província de Damasco, defendeu o seu direito "a defender os seus cidadãos, a lutar contra o terrorismo e a confrontar aqueles que o financiam", e exigiu das Nações Unidas uma condenação "imediata e firme" dos ataques terroristas.

Civis como escudos humanos

O governo sírio denunciou diversas vezes o fato de os grupos terroristas localizados em Ghouta Oriental usarem a população local como escudo humano.

Na segunda-feira (19), o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, também responsabilizou a Frente al-Nusra pelas condições em que a população civil vive naquela região de Damasco, onde é mantida como um "escudo humano", disse, citado pela PressTV.

Falando em Moscou, o ministro russo sublinhou o "enorme esforço" para alcançar acordos sobre a evacuação de pessoas a necessitarem de assistência médica. Já as tentativas para chegar a um acordo sobre uma evacuação em larga escala da população civil foram rejeitadas pelos terroristas da al-Nusra, que "os quer manter como escudos humanos", reforçou Lavrov.

Preocupação do secretário-geral da ONU

Entretanto, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, mostrou-se "muito preocupado pelo agravamento da situação em Ghouta Oriental e os efeitos devastadores nos civis", tendo pedido a todas as partes envolvidas no conflito que se atenham aos princípios básicos do Direito Humanitário.