Comunistas apoiam Ramaphosa na África do Sul

Em duas notas oficiais divulgadas na internet, o Partido Comunista da África do Sul (PCAS) colocou-se ao lado do povo sul-africano, aprovando a renúncia de Zuma e a decisão do Congresso Nacional Africano (ANC), de colocar em seu lugar Cyril Ramaphosa, líder do partido 

Por Alessandra Monterastelli* 

bandeira do partido comunista sul-africano

"O Partido Comunista Sul-africano felicita o presidente do ANC, o camarada Cyril Ramaphosa, por ter sido eleito sem oposição na quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018 como novo presidente do estado da República da África do Sul" começa a nota dos comunistas de boas vindas à Ramaphosa como novo presidente da África do Sul

"A tarefa imediata continua sendo a de reduzir radicalmente as desigualdades de classe, raça e gênero e o desenvolvimento desigual entre áreas urbanas e rurais. Em particular, isso exige uma maior atenção ao desenvolvimento rural e medidas políticas resolutivas para melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores e dos pobres, dando efeito ao direito ao trabalho consagrado na Carta da Liberdade e ampliando o trabalho decente para todos" concluem.

Argumentam que para atingir tais objetivos, Ramaphosa deverá focar no desmantelamento das redes parasitárias em torno do Estado sul-africano, condenando de forma decisiva a captura corporativa do Estado, além de todas as formas de corrupção e irregularidades. "Isso inclui a demolição de mecanismos de estado paralelos", lembram.


Winnie Mandela com Nelson Mandela e Joe Slovo em uma manifestação do Partido Comunista Sul Africano em 1990. Mandela foi membro do Comitê Executivo Central do PCAS

Contra Zuma, pelo ANC e pela soberania da África do Sul 

"O PCAS se junta a grande maioria dos sul-africanos, não menos camaradas quanto a nossa aliança para comemorar a demissão tardia do presidente Jacob Zuma. Isso é algo que deveria ter acontecido ha muito tempo", concluem em outra nota, em que comemoram a demissão de Zuma. 

Os comunistas denúnciam os saques de recursos públicos que aconteceram durante a gestão de Zuma, além da "erosão do Estado e da lei, a perversão de instuituições chave do Estado e principalmente do sistema judiciário, a maniupulação da emissora pública e o leilão de nossa soberania nacional na busca da acumulação privada", que, concluem, "causaram grandes danos ao nosso país". Relembram que as principais vítimas de tais ações da gestão de Zuma foram a classe trabalhadora e os pobres das zonas rurais e urbanas. 

O PCAS afirma que a deposição foi a vitória de uma luta prolongada e interna do ANC e de sua alinça (da qual o PCAS faz parte), que finalmente conseguiu depor o presidente que errou. "O PCAS se orgulha do papel que desempenhou quanto dentro da aliança para que isso acontecesse", dizem em nota, saudando também o papel importante de muitos jornalistas no desenvolvimento dessa tarefa. 

Os comunistas lembram ainda que não se deve acreditar que a luta contra a camptura corporativa do estado e contra o saque de recusros públicos tenha terminado, mas que esse foi um passo importante. "A renúncia do presidente Zuma deve agora tornar-se uma ponte para o estabelecimento de novas ações. O impulso da auto-correção dentro do ANC e do estado deve continuar a ser sustentado e acelerado. Nunca mais devemos permitir que um indivíduo, quaisquer que sejam as suas credenciais de luta, esteja acima da disciplina organizacional, da liderança coletiva e do direito democrático da lei", prosseguem, lembrando que uma das tarefas críticas que os sul-africanos precisam completar é a intensificação da batalha para desmantelar mecanismos paralelos do estado, incluindo unidades de inteligência e redes parasitárias associadas: "é provável que a inteligência desonesta seja usada para tentar manchar a imagem das seções da liderança do nosso movimento e da sociedade civil".