E o Brasil não viu a Recopa….

A América do Sul possui muitos torneios nacionais e regionais extremamente importantes e tradicionais. Porém dois certames se destacam por reunir clubes de todo o continente, um é a Taça Libertadores da América, e o outro, criado mais recentemente, a Copa Sul-Americana. Até ai, nada de novo para quem acompanha futebol…

Por Thiago Cassis*

Recopa Gremio Independiente

Acontece que, além dessas duas competições, desde 1989, temos também na América do Sul a Recopa Sul-Americana, que reúne o campeão da Libertadores para enfrentar o vencedor do outro torneio importante do continente (Supercopa, Copa Conmebol, e hoje em dia a Copa Sul-Americana).

Na primeira edição, em 89, o Nacional do Uruguai foi campeão, venceu o Racing da Argentina. De lá pra cá, os brasileiros São Paulo, Grêmio, Cruzeiro, Internacional, Santos, Corinthians e Atlético Mineiro já conquistaram a taça da Recopa, ou seja, trata-se de uma disputa que interessa ao torcedor do Brasil.

Na noite desta quarta-feira (14), o Grêmio, atual campeão da Libertadores, entrou em campo para enfrentar o campeão da Sul-Americana, o Independiente, ou seja, entravam no gramado de Avellaneda, nada mais, nada menos, do que 10 títulos da Libertadores se somarmos os dois. Clássico para ninguém botar defeito. Quer dizer, quase ninguém. Porque a TV responsável por exibir o confronto, a Rede Globo, simplesmente não mostrou a partida para todo o Brasil. E não para por aí, na tarde de ontem, a mesma emissora colocou seu principal narrador e alterou sua “intocável” grade de programação para que os brasileiros de Norte a Sul do mapa acompanhassem Real Madrid x Time do Neymar (conhecido na Europa como PSG), partida válida pelas oitavas de final da Champions League.

Apesar de alguns jogadores brasileiros importantes estarem em campo, não dá para entender a razão de preterir uma partida da envergadura de Grêmio x Independiente para todo o Brasil e apresentar o, tradicional, Real Madrid contra o PSG (quem mesmo?). Por mais que nossas ruas estejam repletas de camisas azuis e vermelhas da equipe francesa, por causa do marketing em torno do jogador Neymar e não da história do time parisiense, é virar as costas demais para nossa América do Sul. É como simplesmente privar o torcedor brasileiro de assistir um dos maiores clássicos do nosso continente.

Já não causa surpresa quando nossos garotos e garotas, apaixonados por futebol, respondem que torcem por Barcelona, PSG ou Real Madrid, ao invés dos nossos grandes clubes que deram de Pelé a Zico, passando por Rivaldo e Rivelino ao futebol mundial. É triste. Mas o processo de globalização do futebol europeu avança como um trator no esporte mais popular do mundo. E aí, quem tem dinheiro, sempre levará vantagem, e esses não somos nós, sul-americanos.