Alckmin apoia reforma da Previdência e admite privatizar Petrobras

 Em eventos com empresários da construção civil, governador de São Paulo defendeu medidas que não têm apoio da população e podem complicar ainda mais sua situação como pré-candidato ao Planalto.

Alckmin

Pré-candidato do PSDB à presidência da República, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, classificou nesta quarta-feira (7) como "necessária e importante" a proposta de reforma da Previdência que o governo Temer pretende colocar em discussão na Câmara dos Deputados a partir de 19 de fevereiro, mas que enfrenta resistência da própria base, de partidos de oposição, movimentos sociais, bem como da maioria da população.

Em encontro com empresários da construção civil, em Brasília, o tucano sugeriu que é preciso "simplificar" a Previdência, e se vangloriou de ter feito uma reforma no sistema estadual de aposentadorias ainda em 2011.

Pesquisa Vox Populi, realizada a pedido da CUT, identificou que, em novembro de 2017, 85% dos brasileiros eram contra o projeto de reforma do governo, a PEC 287, e 71% achavam que não conseguiriam se aposentar com as mudanças pretendidas.

Em dezembro, pesquisa Ibope constatou que 46% eram contra a proposta, 33% não sabiam ou não quiseram opinar, e apenas 18% se declaravam a favor.

Após a ofensiva midiática que levou Temer a programas populares de TV para defender a medida, que também foi alvo de críticas, o governo lançou nesta semana campanha publicitária que foi ridicularizada nas redes sociais, em mais uma demonstração da falta de apoio popular.

Alckmin deveria estar mais atento aos anseios do eleitorado, já que a última pesquisa Datafolha trouxe o governador oscilando entre a terceira e quarta posição entre os possíveis candidatos ao Planalto. No melhor dos cenários, ele fica com 11% das intenções de votos, quando nem Lula nem Marina Silva são colocados na disputa.

Em outro cenário, o governador de São Paulo empata com os mesmos 6% dos votos do apresentador Luciano Huck, o que alimentou novos rumores quanto a eventual candidatura do global, que lhe rendeu inclusive comentários elogiosos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que oficialmente apoia o governador paulista, mas não muito.

Petrobras

Para evitar perder a vaga como o favorito do mercado financeiro e do empresariado para o pleito de outubro, Alckmin subiu o tom e afirmou também que "muitos setores da Petrobras devem ser privatizados", e ainda considerou "no futuro, privatizar tudo".

Essas declarações podem ser outro tiro pé, já que levantamento Datafolha divulgado em dezembro também apontou que sete em cada dez brasileiros (70%) são contra eventual proposta de privatização da estatal petrolífera. Mesmo entre os eleitores tucanos, 55% são contra as privatizações, em geral, e apenas 37%.