Dow Jones: Queda brusca desta segunda não foi evento isolado

A última segunda-feira (5) entrou para a história da Bolsa de Nova York, que registrou uma queda de 4,6% no índice Dow Jones, que é a principal referência no mercado norte-americano de ações. Não se tratou, contudo, de um evento único. A trajetória de mais de um século do indicador é marcada por outras quedas drásticas.

Bolsa de Valores de Nova York

A queda desta segunda-feira é a maior em pontos já registrada pelo Dow Jones. Todas as empresas incluídas no índice fecharam no vermelho. A Apple registrou o melhor desempenho, com baixa de 2,5%. Os papéis de Boeing (-5,74%), ExxonMobil (-5,69%) e Home Depot (-5,60%) tiveram as quedas mais significativas.

O Dow Jones foi criado em 1896 e está baseado na cotação das ações de 30 das maiores e mais importantes empresas dos Estados Unidos. Uma matéria do jornal o Globo, publicada nesta terça (6), fala um pouco sobre as perdas mais marcantes da história do índice. O Vermelho reproduz abaixo:

Quinta-feira negra

O dia 28 de outubro de 1929 se tornou conhecido como a Quinta-feira Negra, com uma queda de 13% do Dow Jones. O crash da Bolsa de Nova York em 1929 deu origem à Grande Depressão, quando as taxas de desemprego nos Estados Unidos chegaram a 30%. A crise impactou todo o mundo: no Brasil, despencaram os preços do café, principal produto da economia brasileira na época.

Segunda-feira negra

O dia 19 de outubro de 1987 é o de maior queda do índice Dow Jones em toda a sua história, de 22,6%. Mercados de todo o mundo sofreram com aquela que é conhecida como a pior sessão já experimentada pelas Bolsas de Valores em todos os tempos, a "Black Monday" ("Segunda-feira Negra", em referência ao dia da semana em que aconteceu o colapso). As causas daquele "crash" ainda não são inteiramente conhecidas. Grande parte da culpa recai sobre os programas de computador para negociação de ações, que hoje são a norma mas que, à época, apenas começavam a se popularizar.

Bolha da internet

O ano 2000 começou embalado pelo avanço da internet. Em 10 de março, a Nasdaq, bolsa eletrônica formada, na época, essencialmente por empresas de tecnologia, atingiu os 5.048 pontos, simbolizando o ápice da chamada bolha. A partir daí, instalou-se uma rota de queda no mercado. No dia 14 de abril, a perda do Dow Jones foi de 5,66%, como reflexo do esperado estouro da bolha da internet. A fuga dos investidores das ações de alta tecnologia provocou um efeito dominó por Ásia, Europa e Américas. A Nasdaq, que reúne as empresas de tecnologia, havia caído 9,6%, somando àquela altura desvalorização de 34% desde o recorde de março. Em 15 de abril, O GLOBO noticiava: “A bolha, afinal, estourou”.

Reabertura após 11 de setembro

O dia 17 de setembro foi o primeiro de operação da Bolsa de Nova York após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001. A perda foi do Dow Jones na reabertura do mercado foi de 7,13%, sob temores de novos ataques e do impacto sobre a economia americana.

Crise de 2008

A quebra do Lehman Brothers, símbolo da crise financeira internacional de 2008, ocorreu em 15 de setembro, mas o maior impacto na Bolsa de Nova York ocorreu em 29 de setembro, quando o Dow Jones caiu 6,98%. Naquele dia, os legisladores americanos recusaram um resgate total do sistema financeiro, elevando os temores de investidores.

'Flash crash'

Em apenas 36 minutos o índice Dow Jones caiu mais de 9% em 6 de maio de 2010, dia que ficou conhecido como flash crash. A perda foi atribuída a algoritmos, na primeira grande perda atribuída a operações automáticas, que ganharam popularidade com o advento dos mercados eletrônicos na última década.

Piora do rating dos EUA

O agravamento da crise da dívida na Europa e a perda do rating AAA dos Estados Unidos pela agência de classificação de risco Standard & Poor's provocou uma queda de 5,15% do índice Dow Jones. O presidente Barack Obama chegou a se pronunciar sobre a situação da economia no dia 8 de agosto de 2011, no mesmo dia em que lamentou a perda de soldados no Afeganistão.

Efeito Brexit

O índice Dow Jones perdeu 3,39% em 24 de junho de 2016, no dia seguinte do resultado do referendo do Brexit, que decidiu pela saída do Reino Unido da União Europeia. Nos doze meses após a posse de Donald Trump, em 20 de janeiro de 2017, o mercado americano vem em trajetória de alta. No dia 26 de janeiro de 2018, alcançou novo recorde histórico.

Choque

O índice Dow Jones registrou em 5 de fevereiro de 2018 a maior queda percentual desde agosto de 2011, de 4,6%. Os temores dos investidores em torno da alta nas taxas de juros avançaram até se transformarem em vendas rápidas geradas por ordens de computador na segunda-feira que apagaram todos os ganhos do mercado em 2018.