Se não votar em fevereiro, fica difícil, diz Temer sobre Previdência

Apesar das tentativas do governo para angariar votos para aprovar a famigerada reforma da Previdência, Michel Temer reconheceu, na noite desta segunda-feira (5), em entrevista ao programa de Mariana Godoy, na Rede TV!, que se o texto não for aprovado em fevereiro ficará mais difícil. Segundo Temer, “não dá para deixar esse tema permanentemente, o ano todo, até porque, convenhamos, a partir de junho/julho, o Congresso vai se voltar apenas para a questão eleitoral”.

Temer em entrevista no programa de Mariana Godoy - Reprodução da Internet

Temer usou seu costumeiro tom de ameaça ao afirmar que se as mudanças previdenciárias não forem feitas agora poderão penalizar os aposentados do futuro e disse ainda estar contribuindo para o próximo governo.

“Vai ser uma falta de compreensão sobre as necessidades do país. Mas se não votar, já fizemos muito pelo país”, disse. “Seria cômodo não fazer a reforma, mas estou pensando no próximo governo. Daqui dois anos, muitos aposentados correm risco de ter um corte em suas aposentadorias”, completou.

Segundo Temer, seu governo fez “reformas fundamentais” para o país e caso a reforma da Previdência não seja votada, sua equipe vai focar na reforma tributária.

Temer também falou sobre sua impopularidade. “Nunca ninguém recebeu tanta oposição como eu: no plano político e no campo moral. Tem gente que não vai com sua cara de graça! Quem não vai com minha cara, paciência.”

E reforçou que usou sua impopularidade para aprovar matérias como a reforma trabalhista, a PEC do Teto de Gastos. “Aproveitei minha impopularidade para fazer aquilo que o país precisava. Quem quer ser popular não faz aquilo que fiz”, disse em referência às eleições de 2018, onde destacou que o PMDB precisa de um candidato “que defenda o legado” do governo.

Semipresidencialismo

Temer abordou também o tema do semipresidencialismo, que ele vem discutindo com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, destacando que já vem exercendo quase que esse regime, em função de sua “parceria” com o Congresso na discussão das reformas que propôs e vem fazendo.

Temer explicou que sua ideia é de um regime parecido com o de Portugal e França, em que o presidente é eleito pela população, escolhe o primeiro-ministro e que a vantagem é que ele divide responsabilidades de governo com o Congresso. “Não é improvável que entremos com uma emenda [constitucional] para a implementação do regime, mas só valeria para depois de 2022”, adiantou.