CTB presta solidariedade a Olívia Santana que sofreu ataques racistas

Mônica Custódio, secretária da Igualdade Racial da CTB, escreveu um artigo prestando a solidariedade da central à secretária do governo da Bahia e ativista do movimento negro e feminista, Olívia Santana.

Olívia Santana

Custódio afirma que "o nível de agressão, o ódio destilado, foi sem precedentes, é isso que a população negra passa cotidianamente. Muitos de nós ouvimos e nos calamos, outros fingem que não ouvem como defesa, outros ouvem e vão à luta em defesa de seus direitos, e têm dessas e desses que se fortalecem, e passam a fazer a luta no coletivo por que sentiram na pele, e na alma, que o duelo é mais que ideológico, e ou estrutural, e existencial".

Leia abaixo o artigo na íntegra:

Racismo ou vitimização

Para aquelas pessoas que preferem não acreditar que em dias como os de hoje o racismo ainda é uma realidade e apenas uma retórica, já podem parar para fazer sua reflexão e ter a percepção que a questão racial não é uma questão subjetiva no foco sócio econômico, e muito menos de identitariedade no foco dos movimentos sociais. O racismo é real, desumano, marginal, covarde, cotidiano e letal.

O que aconteceu com a secretária estadual de Emprego e Renda e Esporte da Bahia, Olívia Santana, quando a convite de vice-presidência da Federação Nacional de Automobilismo Selma Moraes, participava do evento "Folia Batom" no Hotel Catussaba, foi um descalabro. Uma agressão, física, verbal, moral, e psicológica sofrida pela militante, fundadora da União de Negros Pela Igualdade (Unegro), o nível de agressão, o ódio destilado, foi sem precedentes, é isso que a população negra passa cotidianamente. Muitos de nós ouvimos e nos calamos, outros fingem que não ouvem como defesa, outros ouvem e vão à luta em defesa de seus direitos, e têm dessas e desses que se fortalecem, e passam a fazer a luta no coletivo por que sentiram na pele, e na alma, que o duelo é mais que ideológico ou estrutural, é existencial.

E neste caso a agressora, que cometeu injúria, racismo e preconceito, mexeu em um vespeiro, porque Olívia Santana é mais que a secretária do Trabalho, ela é a negona da Bahia, da Unegro, uma mulher impecável na luta em defesa da mulher, em defesa do estado laico, e contra a Intolerância religiosa, em defesa dos direitos LGBTT, e de todas as formas de racismo e Discriminação.

Comunista sim! Senhora de engenho, essa mulher que você pensa ter humilhado, é dona de si, não se abate, e o que você fez foi provocar ainda mais nessa militante comunista a capacidade de fazer o bom combate, que é, e sempre foi, do bem comum, pela emancipação humana e pelo direito individual e coletivo, uma batalha sem fim, dia-a-dia por melhores condições de vida, duelando e vencendo pensamentos e políticas atrasadas com as que você e sua classe destila.

O que precisa ficar nítido, esclarecido, empretecido, ou como bem queiram entender, é que depois de 130 anos da “Abolição”, para a senzala nós não voltamos! Olívia Santana representa essa trincheira de luta e resistência. Vamos à luta pela dignidade dessa mulher que representa o berço do nosso país, a cidade de maior representação negra do Brasil, que é a maior população negra fora de África.

Vida Longa à guerreira e vitoriosa, Olívia Santana. Você nos representa!! Força negona da Bahia, da Unegro, dos movimentos sociais.

Mônica Custódio, secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da CTB.