Papa envia especialista ao Chile para investigar casos de pedofilia

Criticado por defender publicamente um bispo chileno acusado de acobertar denúncias de pedofilia, o papa Francisco decidiu mandar um "enviado especial" ao país para aprofundar as investigações sobre o caso: o arcebispo de Malta, Charles Scicluna, presidente do colégio para análise de recursos na Congregação da Doutrina da Fé.

Papa no Chile - Fotos Públicas

"Na sequência de algumas informações recentes sobre o monsenhor Juan de la Cruz Barros Madrid, bispo de Osorno, no Chile, o Papa determinou que o monsenhor Charles Scicluna se dirija a Santiago para escutar aqueles que expressaram a vontade de apresentar elementos em sua posse", diz um comunicado.

Juan Barros, 61 anos, é acusado por vítimas do padre Fernando Karadima, 87, de quem ele era protegido, de acobertar casos de abuso sexual contra menores de idade. O escândalo abalou a imagem da Igreja Católica no Chile e foi motivo de protestos durante a recente visita de Francisco ao país.

Pessoas violentadas por Karadima, que foi condenado pelo Vaticano em 2011, afirmam que Barros agia para encobrir os episódios de pedofilia – algumas dizem até que o bispo presenciava os abusos pessoalmente.

Os casos começaram na década de 1980, quando Barros era seminarista e homem de confiança de Karadima. Além disso, o atual bispo de Osorno era secretário particular do então arcebispo de Santiago, Juan Francisco Fresno.

Durante sua viagem ao Chile, o Papa saiu em defesa de Barros e afirmou que as denúncias contra ele eram "calúnias" e que não havia "provas" contra o bispo. A declaração gerou críticas por parte de vítimas de pedofilia e até do cardeal norte-americano Sean O'Malley, que presidiu uma comissão criada pelo papa para combater os abusos sexuais na Igreja.

Em seu voo de volta a Roma, Francisco se desculpou com as vítimas de Karadima, mas manteve a convicção de que não há indícios de culpa contra Barros.