Grife Mulher do Padre vende camiseta com logo da Febem e gera revolta

A venda de camisetas que imitavam o uniforme da antiga Fundação Estadual para o Bem Estar do Menor (Febem), pela grife de roupas A Mulher do Padre, gerou revolta e inconformismo na internet. Após algumas horas da circulação da imagem das camisetas nas redes sociais neste final de semana, a marca publicou um pedido de desculpas em sua página do Facebook e informou que retirou as camisetas das lojas, mas já era tarde.

Por Verônica Lugarini

Camiseta vendida pela marca A Mulher do Padre na loja da rua Augusta, em São Paulo. - Reprodução/Facebook

Neste final de semana, transeuntes da capital paulista se surpreenderam negativamente ao verem camisetas estampadas com o logo da antiga Fundação Estadual para o Bem Estar do Menor, substituída pela Fundação Casa em 2006.

A foto da peça foi tirada por Marcel Nunes, que passava pela loja A Mulher do Padre na rua Augusta, número 2455, e se deparou com tal fetichização de uma instituição punitiva e de um problema social, que é o encarceramento em massa dos jovens brasileiros.

Além disso, a marca ignorou completamente o sofrimento de milhares de jovens brasileiros detidos em um país que tem a 3ª maior população carcerária do mundo. A loja também desconsiderou os motivos pelos quais a antiga Febem foi extinta como: maus tratos aos adolescentes presos, rebeliões, tortura e superlotação.

Ainda em 2017, 12 funcionários da Febem foram condenados pela Justiça de São Paulo por torturar 68 adolescentes.

A camiseta, que era vendida por R$ 96,00, gerou indignação nas redes sociais. A loja recebeu uma série de comentários negativos após o compartilhamento da publicação com a foto da peça da antiga Fundação.

A socióloga Esther Solano fez uma postagem em seu Facebook dizendo que “a loja lucra, ri, cuspe no sofrimento de milhares de jovens. Uma das coisas mais vergonhosas, violentas, brutais que tenho visto ultimamente”, disse na postagem.

"Simular um suposto uniforme da Febem para hipster pagar de hypado, é sério mesmo??? Como uma p***** dessa foi aprovada?", escreveu Marcel Nunes em sua postagem já compartilhada mais de 788 vezes.

Outros internautas também destacaram a falta de sensibilidade da marca, o histórico de agressões e tortura aos jovens internos e também questionaram como a loja permitiu que esse tipo de peça, com essa alusão, fosse fabricada.

Após as críticas, a marca se limitou a fazer uma publicação de 7 linhas em sua página do Facebook pedindo desculpas e explicando que a camiseta fazia parte de uma linha de “achados e perdidos”, que contava com uniformes de companhias aéreas, instituições, concertos musicais e muitas outras que remetem a um passado distante.

Veja o post da marca com o seu posicionamento: