Militantes detidos após julgamento de Lula são liberados

Dezesseis ativistas do Levante Popular da Juventude, 13 mulheres e 3 homens, foram liberados na tarde de quinta-feira (25) em Porto Alegre (RS). A prisão representa a repressão dos movimentos sociais e de esquerda, os militantes passaram a madrugada detidos, apesar de liberados, foram indiciados e responderão por processo criminal, ainda que a participação de cada um deles no ocorrido não tenha sido esclarecida.

Por Verônica Lugarini

ativistas - Guilherme Santos/Sul21

No total foram presos 26 jovens que participavam da manifestação contra a condenação de Lula, na quarta (24), sendo que 10 deles não passaram a madrugada detidos. Os outros 16 militantes – 13 mulheres e 3 homens – que ainda estavam sob custódia foram liberados após o juiz Volnei dos Santos Coelho expedir um alvará de soltura na tarde desta quinta-feira (25).

Os manifestantes foram abordados na rua e, depois, foram conduzidos para a casa de um deles. O local foi completamente revirado pela polícia.

Jéssica Pereira, do Levante Popular da Juventude, disse que após o ato, uma parte do grupo foi detida na rua e a outra na casa de um dos membros do movimento.

“Não havia mandado judicial. O portão estava aberto e os policiais foram entrando. Para nós, não há dúvidas de que isso compõe um espectro de cerco aos movimentos sociais. O povo só queria o direito de se manifestar e denunciar o que estamos vivendo. O nosso ato foi para expressar a nossa indignação com essa condenação sem provas”, relatou

O diretor da Divisão Judiciária e de Operações da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, delegado Marco Antônio Duarte de Souza, confirmou que o grupo foi detido na casa de um dos integrantes. Informou a Agência Brasil.

Em entrevista ao Sul 21, Jucemara Beltrame, uma das advogadas populares, informou que inicialmente a polícia civil pediu que eles fossem indiciados pelo crime de organização criminosa e incêndio criminoso, mas o juiz plantonista criminal do Foro Central acolheu apenas a segunda denúncia, de incêndio criminoso.

A advogada destaca que a Polícia Civil acusou todos os detidos pelo mesmo crime, ainda que a participação de cada um deles no ocorrido não tenha sido esclarecido. Os jovens foram indiciados e responderão por processo criminal.

Em apoio aos ativistas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em vídeo que a luta pela democracia exige coragem e sacrifício.

“Eu quero dizer aos meninos e meninas, aos jovens que foram presos em Porto Alegre (…) que a gente não pode desanimar e que a luta por democracia exige muito sacrifício, muita perseverança e muita coragem. Parabéns pela coragem de vocês”.

Segundo nota do Levante, "a criminalização da esquerda e da luta é um braço fundamental do golpe a democracia no nosso país. Diante da retirada de direitos historicamente conquistados e do desmonte do Estado brasileiro, querem implantar em cada um(a) de nós o medo de se manifestar. Reprimir os nossos sonhos, a nossa capacidade de se indignar e principalmente, querem que a juventude não compreenda que só o povo organizado tem o poder de transformar a realidade".

Após serem liberados, foi realizado um ato em solidariedade aos ativistas do Levante Popular da Juventude. Durante o encontro, no Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Sul (Sindipetrors), os ativistas receberam flores de militantes e sindicalistas e falaram sobre a acusação de Lula e perseguição aos movimentos sociais.