A democracia e as operárias

Vivemos 12 anos de muitos avanços e conquistas. Houve melhoras na qualidade de vida, com acesso ao crédito, à casa própria e à a compra de carro. Matriculamos nossos filhos na universidade. Também tivemos condições de viajar nas férias para o Exterior, pois o nosso salário dava condições para tudo isso – vivíamos o pleno emprego.

Por Eremi Melo*

Curso de formação da mulher metalúrgica - Marcos Aurélio Ruy

Veio o golpe e alguns se deixaram acreditar que o problema era a corrupção, as “pedaladas” de uma presidenta eleita. Assim, os golpistas ganharam o debate e impuseram uma agenda de retrocesso, retirando os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, a partir do fim do Estado Democrático de Direito. Para os operários, tudo isso teve um custo alto.

Agora, chegamos neste dia 24 de janeiro, em que o ex-presidente Lula é julgado pelo “crime” de ter tirado milhões do mapa da fome; por ter criado uma política de valorização do salário mínimo e programas como o “Minha Casa, Minha Vida” e o “Luz Para Todos”; por ter estimulado a indústria naval e investido na infraestrutura nacional; por ter instituído políticas para as mulheres, entre tantas outras coisas.

O nosso movimento – que era de vanguarda – não conseguiu mobilizar a sociedade para enfrentar o desmonte pelo qual o País passou desde o golpe à democracia que foi o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Estamos perdendo em tempo recorde todos os avanços conquistados.

Neste momento crucial para a história brasileira, o que nos resta é a resistência junto aos movimentos sociais organizados para impedir que mais um golpe se concretize com a tentativa de impugnação de Lula como candidato nas eleições 2018. As operárias devem encabeçar esse movimento, sob o risco de a onda reacionário dizimar as políticas voltadas às mulheres.

Enquanto grande parte das pessoas ainda acredita nas mentiras que os meios de comunicação divulgam, é fundamental irmos às ruas mais uma vez em defesa da democracia – ou seja: pelo direito de Lula ser candidato!

*Eremi Melo é secretária da Mulher da FITMETAL (Federação Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil) e diretora de Imprensa e Divulgação do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul