Movimentos fazem vigília para esperar resultado do julgamento de Lula

Uma vigília montada pela defesa da democracia: após caminhada pela área central de Porto Alegre, os manifestantes dos movimentos sociais que apoiam o ex-presidente Lula, levando faixas e cartazes, juntaram-se com os demais que estavam no acampamento – organizado pela Frente Brasil Popular – em defesa do direito de Lula ser candidato em 2018

vigília em defesa da democracia e de Lula

Depois que os dois grupos de manifestantes se juntaram, todos se dirigiram ao Anfiteatro Pôr do Sol, nas imediações do TRF-4, iniciando uma vigília enquanto esperam o resultado do julgamento. 

A caminhada saiu da Avenida Farrapos, se juntou a manifestantes que estavam caminhando até o TRF4, seguindo pela Ipiranga e a Borges de Medeiros, levando centenas de pessoas que permaneceram reunídas na Vigília em defesa da democracia. O pelotão de choque e Brigada Militar montaram uma barreira de proteção para impedir o acesso dos manifestantes no quarteirão do TRF4, que foi isolado e o acesso restrito aos jornalistas credenciados.

Durante a manhã e a tarde, lideranças dos movimentos sociais e políticas se revezaram para falar, chamando o público para o debate sobre o processo de julgamento sem provas do ex-presidente, em uma visível intenção de impedir sua candidatura no pleito de 2018.  Uma afronta à democracia, que vem sofrendo ataques sistemáticos, principalmente após o golpe parlamentar que retirou um governo eleito democraticamente. Para completar esse cenário, após o golpe foi implantada uma agenda de perseguição e retirada dos direitos dos trabalhadores.

A capital gaúcha iniciou a semana com um forte esquema de segurança, chamando a atenção de políticos, jornalistas, juristas, analistas e uma série de personalidades nacionais e internacionais. O perímetro do tribunal começou a ser bloqueado na tarde de terça-feira (23), por meio de segurança aérea, terrestre e naval. Mais de 70 mil manifestantes estiveram presentes nos protestos segundo a contagem feita pelos movimentos. Muitos já estavam chegando ainda na segunda-feira (22) de madrugada e montando acampamento.

Julgamento sem provas

Os desembargadores do TRF4 irão julgar o ex-presidente Lula em segunda instância no processo do triplex, da Operação Lava Jato. A decisão determina o futuro político do petista, que mantém a liderança nas pesquisas de intenção de voto. Em julho de 2017, Lula foi condenado pelo juiz Sérgio Moro a nove anos e meio de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, mesmo sem a apresentação de provas concretas. A sentança é criticada por diversos juristas e lideranças políticas do Brasil e do exterior. Se sua condenação for confirmada em segunda instância, Lula poderá ficar inelegível e, caso sejam esgotados todos os recursos, cumprir a pena.

Um dos principais argumentos defendidos pelos advogados do ex-presidente, além da falta de provas, é o fato de que o apartamento em questão, o famoso triplex, não pertence a Lula, e sim à empreiteira OAS. No início de janeiro, a juíza Luciana Corrêa Tôrres de Oliveira, da 2ª Vara de Execução de Títulos Extrajudiciais, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), determinou a penhora do triplex, no processo contra a OAS, a efetiva proprietária do imóvel.

Vigília pela defesa da democracia e contra o julgamento de Lula em Porto Alegre