Ana Cañas, As Bahias, Leci, Renato Braz cantam em apoio a Lula

Ao cantar "Sabe que o show de todo artista/ Tem que continuar" (versos finais de O Bêbado e a Equilibrista, clássico do período da anistia composto por João Bosco e Aldir Blanc), Ana Cañas segurou a mão esquerda do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no início de ato pelo direito à candidatura do petista, que terá recurso julgado no próximo dia 24.

Por Vitor Nuzzi para RBA

Lula em ato com artistas em São Paulo. Ao seu lado Gleisi e a cantora Ana Cañas janeiro de 2018 - Ricardo Stuckert

Mais adiante, As Bahias e a Cozinha Mineira interpretaram outro clássico, Velha Roupa Colorida, de Belchior, e no trecho "que uma nova mudança em breve vai acontecer" olhavam para Lula. No final, alteraram um verso: "Assum preto me responde/ 64 nunca mais". Artistas da música, cinema, circo e teatro se manifestaram, além de escritores, como Alice Ruiz e Raduan Nassar.

Ao lado do violonista Mário Gil, o cantor Renato Braz cantou ao mesmo tempo Cálice (Chico Buarque/Gilberto Gil) e Fado Tropical (Chico e Ruy Guerra), depois de citar versos do poeta alemão Bertolt Brecht:

Nós vos pedimos com insistência:
Nunca digam – Isso é natural!
Diante dos acontecimentos de cada dia,
Numa época em que corre o sangue,
Em que o arbitrário tem força de lei,
Em que a humanidade se desumaniza,
Não digam nunca: Isso é natural
A fim de que nada passe por imutável.

Depois, Renato Braz pediu para falar brevemente e dirigiu-se a Lula: "O meu voto é seu".

Representante do teatro, Celso Frateschi lembrou que essa expressão artística "nasceu junto com as cidades, com a política e com a democracia". E acrescentou que o ato da noite de quinta-feira não tratava apenas de Lula, mas "do nosso direito de eleger o nosso presidente". Pelo cinema, a diretora Laís Bodanzky, chamou Lula de "grande sedutor de plateias" e acrescentou: "Nós precisamos dele". Outra cineasta, Tata Amaral, ajudou na apresentação.

O ator Aílton Graça disse estar presente com "meu coração e este corpo preto". E recordou de, quando jovem, ter ouvido Lula, que não conhecia e que os amigos só chamavam de "Barba". "Pela primeira vez na vida, eu vi uma pessoa semeando esperança. Eu vi essa semente dando bons frutos. Eu, Aílton Graça, não abro mão de ter essas conquistas. Uma delas é a democracia. Meu voto, aberto, é seu, Lula, e quero que o meu voto seja respeitado".

Alessandro Azevedo, palhaço, representou, como disse, o povo do circo. "É luta de classes, e nós somos guerreiros", afirmou, pouco antes do humorista Gustavo Mendes, que citou indiretamente Lula, brincando, ao citar a música Saudade do meu Ex, de Marília Mendonça.

Em seguida, veio a sambista e deputada estadual Leci Brandão (PCdoB), afirmando que "as comunidades estão morrendo de saudade de você (Lula)". Para ela, o ex-presidente está pagando pelo "pecado" de tratar as pessoas com respeito. "Você respeita a diversidade", disse Leci, antes de cantar Zé do Caroço. Odair José também subiu ao palco, mas não cantou, enquanto Chico César chegou quase no final do evento.

Bruno Ramos, da Liga do Funk, se apresentou, e Alice Ruiz declamou. também falando em pecado, explicando que, pela etimologia, a palavra significa "errar o alvo". "A tristeza é o pecado maior", disse a poeta e compositora. Também apoiaram Lula o rapper Thaíde e o ator Pascoal da Conceição, o Dr. Abobrinha do programa Castelo Rá-Tim-Bum e que às vezes se "transforma" no escritor Mário de Andrade.

Quase no encerramento do ato, Lula ainda tentou arrancar algumas palavras de Raduan, que normalmente evita falar – uma exceção, e barulhenta, ocorreu há pouco menos de um ano, em polêmica com o então ministro Roberto Freire ao falar em "tempos sombrios" no Brasil. Tentou, mas não conseguiu. O escritor só disse uma frase: "Eu voto no Lula, com certeza".

Assista à participação de Renato Braz no ato: