Fórum Econômico Mundial alerta sobre perigo de nova retração

 A economia mundial irá cresce 3,1% em 2018, segundo previsões do Banco Mundial. Será, portanto, o oitavo ano consecutivo de expansão no mundo que, no ano passado cresceu 3% e 2,6% em 2016. O desempenho, atualmente, é acompanhado pela alta de ações em todo o mundo e inovações em ativos financeiros, como a a moeda criptografada bitcoin que aumentou cerca de 1.200% em 2017.

Davos

O Fórum Econômico Mundial analisa todos esses dados com cautela e realiza nesta semana alguns encontros para debater o risco do excesso de otimismo isso porque, historicamente, as crises econômicas sucederam momentos de crescimento exacerbado lembrando que, em média, o mundo sofreu uma crise financeira a cada seis anos, e já estamos entrando no oitavo de bonança.

Segundo informações do Valor, o Banco Mundial já aponta para o que poderá ser o início do refluxo considerando que 2018 será um ano em que pela primeira vez, desde 2008, o output gap global, ou seja, a diferença entre o nível de produção global e seu "potencial" será bastante reduzido ficando próximo de zero em países desenvolvidos e em alguns emergentes beneficiados pela recuperação do mercado de commodities.

Ao mesmo tempo que assistimos um cenário favorável para os países em desenvolvimento com "output gap" próximo de zero, a insegurança política de governos nos países emergentes aumenta o risco de erros nos ajustes financeiros. Outro fator que leva o Banco Mundial a analisar que o crescimento da economia corre risco de ser abreviado é porque nos últimos anos a produtividade sofreu deterioração e seria necessária a aplicação de grandes investimentos para aumentar os níveis de ganhos via implantação de tecnologias, infraestruturas e especialização de mão de obra, por exemplo.

Chama a atenção também o aumento expressivo da dívida global que, segundo o Instituto Internacional de Finanças (IIF), passou de US$ 230 trilhões no terceiro trimestre do ano passado, ou US$ 16 trilhões a mais que em dezembro de 2016. E, quanto maior a dívida, maior a taxa de juros. Portanto, com os governos pagamento das dívidas mais elevadas, sobrará menos recursos para o investimento, fechando assim o cenário para a retração.

Nesta quarta-feira (17) o Fórum Econômico Mundial questionou também sobre o risco de recessão no seu Relatório sobre Riscos Globais 2018 considerando a alta expressiva das bolsas de valores no mundo. Segundo informações trazidas pelo Estado de S.Paulo, a organização cita que a "exuberância irracional" na alta de pregões antecedeu a crise internacional de 2008.

Em 2017 as principais bolsas do mundo registraram alta, sem exceção: Dow Jone, 25%; S&P 500, 19%; a Bolsa de Hong Kong, 35%; a japonesa, 19%; a alemã, 11%, a francesa, 8% e a Bolsa de Valores de São Paulo, 27%. O Fórum ressalta que o crescimento recente apresentado pelas bolsas dos Estados Unidos foram semelhantes em apenas dois momentos desde que elas existem: em 1929 e 2000, períodos próximos as grandes quebras.

O aumento marcante dos títulos de dívida também preocupa a organização mostrando que cerca de US$ 9 trilhões desses papéis apresentavam rendimento negativo em meados de 2017. Segundo o Fórum, esse fenômeno reflete a compra de ativos lançados pelos bancos centrais para reequilibrar a economia em momentos de crise, analisando que em muitos momentos o valor desses papeis segue tendência oposta ao preço real dos ativos que representam.

Nesse cenário, se houver uma correção abrupta no mercado as economias mais expostas ao mercado vão sofrer o maior impacto.

Quanto ao bom humor do mercado, o economista-sênior do Centro de Competitividade Mundial do IMD, José Caballero, avalia que os investidores limitam os cálculos para concluir ou não um investimento como, por exemplo, as ameaças comerciais e militares de Donald Trump, sem considerar também que "uma rápida mudança na confiança das instituições pode deteriorar a situação do mercado", assim como o aprofundamento da crise na Venezuela pode retrair investidores sobre toda a América Latina.