E agora, Temer? País registrou 12 mil empregos a menos em novembro

O argumento do governo de que a reforma trabalhista geraria empregos não se confirmou em novembro, mês que entrou em vigor a nova lei e onde o Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged) registrou o fechamento de 12,3 mil vagas de emprego. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (27) pelo Ministério do Trabalho. Em 12 meses, o saldo de postos de trabalho é negativo em 178,5 mil.

Por Railídia Carvalho

Fila para emprego em São Paulo - César Itiberê/Fotos Públicas

O ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, tentou minimizar os números em matéria na Folha de S.Paulo. Segundo ele, “novembro tem tendência a apresentar saldo negativo” e que os dados do Caged não interrompem o “processo de retomada do crescimento do país”. Os dados, no entanto, frustraram expectativa de analistas ouvidos pela Reuters, que projetavam um saldo positivo de 22 mil vagas.

O saldo negativo de postos de trabalho em novembro confirmam declarações de Clemente Ganz, diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Economicos (Dieese), feitas ao Portal Vermelho no início de dezembro. Segundo ele, a reforma trabalhista, ao contrário do que diz o governo, pode ser um tiro no pé na retomada de qualquer crescimento e um estímulo para demissões.

“Como eu vou buscar crédito mostrando a minha carteira de trabalho como trabalhador intermitente? Como eu vou fazer uma compra parcelada em 12 vezes se eu não sei se terei renda para pagar? Você pode até ter queda no desemprego mas por conta de empregos precários e com rebaixamento da massa salarial. O Brasil vai vivenciar um efeito que já ocorre em outros países que flexibilizaram a legislação trabalhista: efeito depressivo no mercado interno. Eu demito 10 e contrato 20 só que esses últimos ganham menos que os dez, não geram demanda e não aquecem a economia”, comparou o diretor do Dieese.

A reforma trabalhista formalizou modalidades de contratação como o trabalho intermitente e a jornada a tempo parcial, criticadas pelo movimento sindical como formas de contratação precárias. O trabalho intermitente, que já foi contabilizado pelo Caged para obter os dados de novembro, coloca o trabalhador à disposição do empregador sem saber quantas horas vai trabalhar, nem o quanto vai ganhar. Caso seja chamado pelo “patrão” e não comparecer paga multa. Com salário que não deve atingir o mínimo, a contribuição previdenciária desse trabalhador deve ser feita à parte.