2017, outro ano perdido para a indústria, o emprego e a renda

A maior bola fora do ano, em relação à recuperação da economia, foi dada pelo ministro da Fazenda, o ultraliberal Henrique Meireles.

Por José Carlos Ruy

Fiasco do Golpe: Temer aumenta desconfiança da indústria na economia - www.usinagem-brasil.com.br

Imitando um time tão ruim que comemora até escanteio, Meireles tentou festejar – no início de dezembro – o fraco desempenho da economia, dando a ele uma cor rosa que nem os números divulgados pelo IBGE, nem as avaliações de entidades ligadas à indústria, autorizam. Ao contrário, mostram números muito ruins.

Meireles manifestou satisfação com a oscilação, para cima, de 0,1% no total da economia – desempenho que revela, na verdade, a paralisia comandada por ele e pelo presidente ilegígtimo Michel Temer.

Em relação à indústria, a variação anunciada (chamá-la de crescimento é um exagero evidente) foi de apenas 0,8% (entre julho e setembro).

A Carta do IEDI (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), divulgada em 15 de dezembro, descreve a situação da indústria com cores mais realistas. E elas são escuras.

Sob o título “Entre idas e vindas”, aquela carta desmente o otimismo de Meireles e da mídia conservadora que o apóia.

Diz que a trajetória da indústria é “hesitante”, “pontuada por idas e vindas”. “A indústria”, diz, teve “um resultado positivo, porém muito próximo da estabilidade, como tem sido recorrente nesta segunda metade do ano”, e registrou variação positiva de apenas 0,2% em outubro, flertando – diz aquele documento – “com a estabilidade” – isto é, com a paralisia. “O mês de outubro significou mais um capítulo de nossa frágil recuperação industrial”.

A CNI (Confederação Nacional da Indústria) mostrou semelhante realismo na avaliação que divulgou. E considerou “lenta” aquilo que o governo e seus propagandistas chamaram, em outubro, de “recuperação”. Lentidão revelada nos números que divulgou: aumento no faturamento real de 1,7%; no emprego, de 0,7%; nas horas trabalhadas na produção, queda de 0,7%; e diminuição também na massa salarial, de 0,3%.

O uso da capacidade instalada ficou paralisado, com “aumento” de apenas 0,2%. Da mesma forma o rendimento médio real, que variou positivamente apenas em 0,9%. "A indústria permanece em trajetória de recuperação moderada", concluiu, na avaliação que divulgou. "O balanço desses resultados sugere manutenção do baixo patamar das variáveis pesquisadas e reforça o quadro de fraca atividade industrial".

Avaliação para lá de reforçada quando fez a comparação com o desempenho em 2016, que também foi um ano muito ruim para a indústria. “A maioria dos índices aponta queda na comparação com 2016”, constatou. O emprego e as horas trabalhadas tiveram recuos de 3,2% e 2,6% cada um. O faturamento também caiu, perdendo 1,3%; seguido pela diminuição de 2,2% na massa salarial. O uso da capacidade instalada diminuiu 3,7% em relação à média de 2016.

Isto é, o exame realista da situação da economia e da indústria coloca um enorme nariz de Pinochio no ministro Meireles e naqueles que o apóiam. Ele afirmou, sem ruborizar, que o Brasil “segue uma trajetória de crescimento”. Não dá para acreditar quando os números mostram que 2017 foi outro ano perdido para a economia, a indústria, o emprego e a renda.