Temer pede coragem, enquanto Marun faz chantagem por Previdência

Uma matéria publicada em primeira mão pelo NE Notícias, de Sergipe, na última quarta-feira (20), revelava como o governo de Michel Temer está atuando para "convencer" dos parlamentares a votar a favor da reforma da Previdência, em sessão adiada para depois do Carnaval.

Temer e Marun - Alan Santos/PR

De acordo a publicação, o recém-empossado ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marum (MDB) – que integra a tropa de choque de Cunha-Temer, teria dito ao governador Jackson Barreto, também do MDB, que o financiamento de R$ 560 milhões, junto à Caixa Econômica Federal, pleiteado pelo Estado de Sergipe, só seria assinado com os votos de parte da bancada na Câmara a favor da Reforma da Previdência.

A chantagem é para pressionar e tentar garantir que os votos dos deputados Adelson Barreto (PR), Fábio Mitidieri (PSD), Laércio Oliveira (SD) e Jony Marcos (PRB) sejam em favor do texto da Previdência.

Diante do desgaste político por conta de duas denúncias por corrupção ativa e lavagem de dinheiro engavetadas pelo Congresso e a sua impopularidade recorde, a ida de Marun para a articulação do governo tinha esse propósito: atuar como trator para arrancar os votos que não estava conseguindo obter dos parlamentares, temerosos com as urnas em 2018.

Durante a semana, Michel Temer aproveitou as cerimônias oficiais para fazer discurso em deve da reforma. A palavra coragem apareceu diversas vezes. O ilegítimo defendeu que os "parlamentares deveriam ter "coragem" para votar pela reforma e ignorar o rechaço popular e uma possível impossibilidade de reeleição. Mas agora fica mais claro que tipo de "coragem" Temer e seus aliados estão querendo.

O governador de Sergipe informou que Marun havia dito que o contrato com a Caixa seria assinado na próxima semana na presença de Temer, mas não quis comentar sobre o que ouviu do ministro.

No entanto, nesta sexta-feira (22), em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, o governador confirmou a informação. Jackson Barreto disse que saiu chocado da reunião.

“Marun me falou que há vários contratos com a Caixa, mas o governo só vai liberar após a votação da reforma. Achei uma coisa fora de propósito. Me deixou frustrado”, afirmou o governador.

A conduta de Marun também teria deixado o deputado Fábio Reis (MDB) indignado, já que o governador é do mesmo partido. Imagine como Temer está tratando os demais.