Catalunha: Cidadãos ganha, mas maioria é independentista

Apesar dos líderes detidos ou em Bruxelas, os independentistas ficaram em maioria no Parlamento catalão. O partido pela união Cidadãos de Inés Arrimadas foi o partido mais votado, mas não conseguirá governar, enquanto que o Partido Popular de Rajoy foi o menos votado

Por Alessandra Monterastelli *

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A participação de 82% nas eleições catalãs de quinta-feira (21) foi uma vitória para a democracia espanhola. Apesar do ex-governador Puigdemont estar exilado em Bruxelas, da prisão de alguns lideres independentistas e da intervenção de Madri pelo ato 155 da Constituição, o voto venceu.

Venceu o Cidadãos, partido de direita liderado por Inés Arrimadas, que foi o mais votado em uma região onde 43,6% da população se diz de esquerda e 24,1% de centro-esquerda. Contudo, os grandes vencedores são os independentistas: eles mantiveram a maioria parlamentar, com 70 cadeiras.

O Cidadãos conquistou apenas 36 cadeiras no Parlamento, portanto não conseguirá governar sem diálogo ou negociações. O grande perdedor foi o partido Popular do primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, com o pior resultado da história.

Ao contrário do previsto pelas sondagens, o Juntos pelo Sim, do exilado Carles Puigdemont, acusado de rebelião e sedição pelo governo central, superou a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), que recusou se unir ao ex-governador.

“Hoje, o 155 acabou nas urnas”, foi a primeira frase com que a Juntos pelo Sim comentou os resultados. “Felicitamos a Esquerda e a CUP. A vitória do independentismo é de todos”, afirmou Elsa Artadia, a dirigente do PDeCAT (Partido Democrata Europeu da Catalunha) a quem Puigdemont entregou a gestão da campanha da sua lista.

“Cidadãos e cidadãs da Catalunha, há uma soma independentista, há uma maioria republicana. As forças independentistas e republicanas voltaram a ganhar as eleições na Catalunha, apesar da ofensiva judicial, policial, da repressão de Madri, de Oriol (preso), dos Jordis (presos), do presidente no exílio”, felicitou-se Marta Rovira, uma das líderes da ERC.

Diante dos resultados, pode-se entender que talvez os catalães não desejam a separação, mas Rajoy deverá ouvir e considerar os independentistas, suas insatisfações e reivindicações, que representam a maioria da população da Catalunha.