Sondagem na Catalunha: vencem Cidadãos, mas maioria é da ERC

Mais de 5,5 milhões de eleitores puderam votar nessa quinta-feira (21) para decidir quem governará a Catalunha. Após três meses de alta tensão, com Madri enviando milhares de polícias para a região, um referendo ilegal marcado por cargas policiais, uma declaração de independência e a ocupação por parte do Governo de Mariano Rajoy das instituições catalãs, chegou por fim o regresso às urnas que pode devolver legitimidade aos independentistas ou matar o processo dos últimos anos

Catalunha - AP/Manu Fernandez

As urnas encerraram em toda a Catalunha, nas eleições de resultado completamente aberto mas sem incidentes.

De acordo com a projeção divulgada pela TV3 (a televisão pública catalã), a ERC (Esquerda Republicana da Catalunha) vence com 33 deputados (31 a 35), à frente do Cidadãos, de Inés Arrimadas (31-36); em terceiro aparece a lista de Puigdemont, Juntos pela Catalunha, com 26 deputados (22-30); depois vem os socialistas com 20 (19-21) e do Catalunya en Comú, que terá eleito dez deputados (8-11).

Nos últimos lugares, como se esperava, surgem os dois partidos mais divergentes: a CUP (Candidatura de Unidade Popular), com oito deputados (5-9) e o PP, com 6 (6-8).

Nesta projeção, ao contrário de outras, o bloco independentista fica quase com maioria absoluta. A soma da ERC, Juntos pela Catalunha e CUP dá nesse caso 67 deputados – a maioria, com 68 em um parlamento de 135 lugares.

Na Estação do Norte, de comboios e autocarros, onde a ERC decidiu juntar-se para acompanhar a noite eleitoral, não se ouviram grandes manifestações de festejo quando divulgaram as primeiras projeções. Mas passado alguns minutos, a medida que a TV3 ia mostrando as projeções, já se ouviram aplausos e alguns gritos de mobilização.

“Os cidadãos mostraram mais uma vez que querem as urnas. Do nosso ponto de vista, enfrentamos tudo com dificuldades, repressão, e com o nosso candidato injustamente preso”, afirmou no palco erguido na Estação do Norte o porta-voz da ERC, Sergi Sabriá.

“Hoje celebramos a ausência de cassetetes, desta vez não nos prenderam, em grande contraste com o que aconteceu no 1º de outubro [referendo sobre a independência] e celebramos a participação – nesse momento, esse país está altamente politizado e isso é muito positivo”.

O secretário-geral do Cidadãos, José Manuel Villegas, realçou a “normalidade democrática” com que decorreram as eleições, afirmando que foi sentindo, nas ruas da Catalunha, uma “vontade de mudança”.