Temer e Marinho debatem cobertura da Globo sobre delação, dedura Folha

O jornal Folha de S. Paulo publicou matéria nesta quinta-feira (21), em que afirma que Michel Temer se encontrou com cúpula da Globo para discutir delação e reforma da Previdência.

Michel Temer - Reprodução

Segundo a publicação, o encontro foi reservado e aconteceu no dia 4 de outubro em São Paulo a pedido de João Roberto Marinho. Mas o texto é contraditório, pois ao mesmo tempo que diz que foi um encontro por solicitação dos Marinho, a matéria diz que a pauta da reunião foi "para discutir a cobertura de seu governo pelos veículos da empresa, além de pedir apoio para a reforma da Previdência".

A matéria da Folha coloca Temer supostamente em posição de ofensiva contra a família Marinho e segue a falsa retórica que o governo tenta construir de força, apesar da impopularidade recorde, beirando quase 100% de rejeição nas pesquisas (97% segundo levantamento do Ipsos divulgado nesta quarta) e da dificuldade em aprovar a reforma da Previdência no Congresso.

A pergunta que fica é: qual o interesse da Folha, que apoiou o golpe, em expor a Globo, que também apoiou o golpe?

O jornal disse que João Roberto promoveu um jantar na casa de seu irmão Roberto Irineu Marinho para receber Temer e o vice-presidente de Relações Institucionais da Globo, Paulo Tonet.

De acordo com fontes da Folha, Temer teria dito a três aliados que a reunião foi um pedido de João Roberto, vice-presidente do Conselho de Administração do grupo, e novamente diz que foi Temer quem reclamou da cobertura do caso JBS pelos veículos do grupo.

A Globo confirmou o encontro e disse, via assessoria, que a conversa foi "absolutamente republicana, sem pedidos ou promessas de qualquer das partes". Já assessoria de Temer não comentou.

A fonte teria afirmando à Folha que Temer considerou que a Globo melou a sua vida ao publicar, em 17 de maio no jornal O Globo, a conversa nada republicana entre ele e o empresário Joesley Batista, em que dá aval à compra de silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ).

A gravação foram fundamentais para a Procuradoria-Geral da República denunciar Temer por duas vezes ao Supremo Tribunal Federal. Denúncias que foram engavetadas pela Câmara dos Deputados, na base do toma lá dá cá.

A Folha também disse que Temer teria reclamado do editorial do jornal O Globo, de 19 de maio., que pede a renúncia de Temer. Para se defender, o ilegítimo teria mencionado o conteúdo de delações nem sempre é conclusivo e citou informações acerca do acordo de colaboração do empresário J. Hawilla, da agência Traffic, com a Justiça dos EUA.

Trata-se da delação do empresário Alejandro Buzarco, ex-homem forte da companhia de marketing argentina Torneos y Competencias, que afirmou às autoridades americanas que a TV Globo e outros grupos pagaram propina para transmissão de campeonatos.