A reforma fiscal de Trump: empresas ganham, população perde

O Senado dos EUA aprovou a reforma fiscal de Donald Trump. Agora falta apenas uma nova votação na Câmara dos Representantes para o presidente norte-americano assinar a lei e cantar vitória- para ele e as grandes empresas

Republicanos no senado dos EUA - Lusa

O pacote final foi aprovado na madrugada dessa terça-feira (19) no Senado, com votação apertada de 51 votos a favor e 48 contra.

Como foram feitas pequenas alterações à reforma aprovada no Senado, a lei terá de voltar a ser aprovada na Câmara dos Representantes, uma votação marcada para essa quarta-feira (20). A Casa Branca já agendou uma conferência de imprensa no caso (altamente provável) de a reforma receber novamente luz verde na câmara, que na terça-feira (19) aprovou o plano com 227 votos a favor e 203 contra.

Donald Trump já se autocongratulou no Twitter, falando "no maior corte de impostos da história".

A proposta prevê a redução drástica dos impostos para as grandes empresas e os contribuintes mais ricos, ao mesmo tempo que autoriza a exploração de petróleo no Refúgio Nacional de Vida Selvagem do Ártico e põe fim à obrigatoriedade do seguro de saúde para os cidadãos e trabalhadores. Concretamente, a carga fiscal das empresas vai descer de 35% para 20% já a partir de 2019. Os impostos para cerca da metade da população vai descer menos e com fim anunciado para 2025.

Esta enorme descida de impostos levantou algumas preocupações com as consequências para a já imensa dívida norte-americana: vai acrescentar mais de um trilhão de dólares a uma dívida que já ultrapassa os 20 trilhõess de dólares. Os democratas ainda argumentam que a medida vai aprofundar as desigualdades entre ricos e pobres nos EUA.

Segundo a comissão independente do Congresso que antevê os impactos financeiros das propostas de lei, a enorme redução de impostos vai beneficiar as grandes empresas e os contribuintes mais ricos em relação aos mais pobres – só 44% dos contribuintes individuais terão uma redução fiscal acima dos 500 dólares, e mesmo assim essa redução será temporária, até 2025. Além disso, a reforma fiscal patrocinada por Donald Trump acaba também com várias deduções agregadas a impostos locais e estaduais, o que vai dificultar o investimento em programas de educação, saúde e transportes públicos, que geralmente favorecem os mais pobres.