Extrema-direita vai integrar novo governo austríaco

O presidente da Áustria deu luz verde, este sábado (16), à formação do novo governo entre os conservadores do Partido Popular Austríaco (ÖVP) e o Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ), de extrema-direita, depois do acordo anunciado na sexta-feira (15).

austria extrema direita

O pacto alcançado entre o futuro chanceler, Sebastian Kurz, e o líder do FPÖ, Heinz-Christian Strache, acontece dois meses após as eleições legislativas, realizadas a 15 de Outubro e fortemente marcadas pelo debate em torno da migração.

Os conservadores do ÖVP venceram as eleições com um discurso duro contra os migrantes que em parte se sobrepôs ao da extrema-direita. Ao longo da campanha eleitoral, esta assumiu uma postura claramente xenófoba e prometeu cortar apoios sociais aos migrantes. O FPÖ, partido fundado por antigos oficiais nazistas, foi a terceira força mais votada, com 26% do sufrágio.

O chefe de Estado, Alexander Van der Bellen, antigo líder dos Verdes que em 2016 foi eleito derrotando um candidato do FPÖ, foi informado do pacto de governo alcançado, ao qual deu luz verde.

Governo pró-europeu

Numa conferência de imprensa conjunta e de apresentação do programa de governo, Heinz-Christian Strache fez saber que a extrema-direita abdica de um referendo sobre a saída da União Europeia (UE), que caracterizou como projecto de paz.

O líder do FPÖ reconheceu que o seu partido preferia ter mantido a possibilidade de saída da UE em aberto, mas acabou por ceder nas negociações para a formação do executivo com o Partido Popular Austríaco, indica a Agência Lusa.

Por seu lado, o futuro chanceler e líder do ÖVP, Sebastian Kurz, voltou a referir-se às políticas de imigração e refugiados, recusando o sistema de distribuição solidária.

Ainda assim, Kurz insistiu que o governo será pró-europeu e que ambos os partidos vão contribuir de forma ativa na UE. Em todo o caso, Kurz irá manter sob sua alçada as políticas europeias, à parte do Ministério dos Negócios Estrangeiros, que será tutelado pelo FPÖ, refere a Reuters.

Os conservadores – que integram o mesmo grupo do PSD e do CDS-PP no Parlamento Europeu – vão controlar a chancelaria federal e sete ministérios. A extrema-direita ficará com as restantes seis pastas.

O novo ministro do Interior, Herbert Kickl (de extrema-direita), é conhecido por vários slogans xenófobos e islamofóbicos usados no passado pelo FPÖ. No início da carreira, escrevia os discursos de Jörg Haider, que enaltecia as políticas de emprego de Hitler e conduziu o FPÖ a sucessos eleitorais.