IBGE: Jovens foram os mais afetados pela crise

A crise econômica prolongada tem tido impacto devastador sobre a juventude brasileira. Os jovens são 28,2% da população acima de 16 anos no país, mas representam 54,9% do total de desempregados, aponta levantamento divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. “Ou seja, de cada dois desempregados, um é jovem”, destacou a analista do IBGE, Cíntia Simões Agostinho. Pior: um quarto dos jovens brasileiros nem estuda nem trabalha.

Jovens foram os mais afetados com a crise

A taxa de desemprego da população que tem entre 16 a 29 anos, em 2016, era de 21,1%, mais que o dobro do indicador relativo a pessoas de 30 a 49 anos de idade, que era de 5,5%.

O nível de ocupação da juventude diminuiu de 59,1%, em 2012, para 52,6%, em 2016. O nível de ocupação para mulheres jovens foi de 44,8%, e o dos homens foi de 60,5%.

Conforme as definições dos estudos sobre mercado de trabalho, “ocupados” são apenas aqueles com emprego, formal ou não, enquanto os “desocupados” são aqueles que estão em busca de uma vaga, dispostos a trabalhar, mas não conseguem uma colocação.

E não é só isso. Além de terem maior dificuldade de se colocar no mercado de trabalho, os jovens também estão ocupados em postos mais precários. A proporção de pessoas de 16 a 29 anos em trabalhos formais caiu de 60,3%, em 2014, para 58,4%, em 2016.

A informalidade do emprego entre jovens era mais latente nas regiões Nordeste e Norte. No Maranhão, somente 30,1% dos jovens estavam ocupados em trabalhos formais, nível mais baixo de todo o país.

Com o forte desemprego, um em cada três jovens eram subutilizados no mercado de trabalho. "Subutilizado" é um conceito que abrange: a população desempregada, as pessoas subocupadas por insuficiência de horas (estão empregadas, mas gostariam e poderiam trabalhar mais) e a força de trabalho potencial (pessoas que não buscam emprego, mas estão disponíveis para trabalhar).

A taxa composta da subutilização entre os jovens passou de 27,2% em 2015 para 32,8% em 2016. Em outros termos: a subutilização atingiu praticamente um em cada três dos que estavam na força de trabalho ampliada (que inclui a força de trabalho e a força de trabalho potencial).

Para piorar, houve queda de 1,5% no rendimento médio real para jovens, que passou a ser de R$ 1.321. O grupo foi o único a ter rendimento menor que a média nacional (R$ 2.021).

Nem trabalham nem estudam

O levantamento do IBGE também mostra que o número de jovens de 16 a 29 anos que não estudam nem trabalham subiu de 34,2 milhões em 2012 para 41,25 milhões em 2016 – o equivalente a 25,8% do total de jovens brasileiros nessa faixa etária. Isso mesmo: um quarto dos jovens brasileiros nem estuda nem trabalha.

Em quatro anos, esse grupo, que ficou conhecido como "nem nem", aumentou 20,5%. O crescimento está diretamente relacionado ao aumento do desemprego no Brasil, que afetou mais fortemente os jovens.

O fenômeno dos "nem nem" atingiu, sobretudo, os jovens com menor nível de instrução, os pretos ou pardos e as mulheres e com maior incidência entre jovens cujo nível de instrução mais elevado alcançado era o fundamental incompleto ou equivalente, que respondia por 38,3% do total.

“Esse aumento dos jovens que não estudam nem estão ocupados não é resultado da diminuição da frequência escolar. Veio do aumento dos jovens não ocupados”, disse Luanda Botelho, analista da Coordenação de População e Indicadores Sociais do IBGE.