"Nova crise global como a de 2008 está próxima", diz artigo no NYT

A crise global que pegou o mundo de surpresa em 2008 está para ocorrer novamente, e talvez seja tarde demas para evitá-la, alerta Desmond Lachman, membro residente do American Enterprise Institute, ex-vice-diretor do departamento de desenvolvimento de políticas do Fundo Monetário Internacional (FMI) e ex-estrategista econômico do Salomon Smith Barney, em artigo publicado no The New York Times.

Economia em crise

 "No final de 2008, em um encontro com acadêmicos na London School of Economics, a rainha Elizabeth II perguntou como ninguém conseguiu antecipar a pior crise financeira mundial no período pós-Guerra. A então chamada Grande Recessão, que teve início no final de 2008 e durou até meados de 2009, foi desencadeada pelo colapso súbito de preços elevados para a habitação e outros ativos – algo que é óbvio em retrospectiva, mas que, no entanto, ninguém parecia ver que estava próximo", escreve Lachman.

"Estamos prestes a cometer o mesmo erro? Muito provavelmente, sim", pergunta e responde Lachman. Ele destaca que a economia norte-americana certamente vai bem, e que "economias emergentes" ganham impulso, mas que os preços globais de ativos estão novamente em um escalada rápida, acima do valor básico. "Em outras palavras, eles estão em uma bolha. Considerando o silêncio virtual entre os economistas sobre o perigo que representam, é preciso perguntar-se se em um ano ou dois, quando essas bolhas eventualmente irromperem, a rainha não fará o mesmo tipo de pergunta."

Para Lachman, tal silêncio é ainda mais surpreendente se consideramos o quão penetradas estão as bolhas hoje em comparação com 10 anos atrás. "Enquanto em 2008 as bolhas estavam largamente confinadas nos mercados norte-americanos de habitação e crédito, eles agora podem ser encontrados em quase todos os cantos da economia mundial."

Uma das razões apontadas no artigo para a proximidade de uma nova crise são os problemas vistos em economias importantes. A Itália enfrenta sérios problemas de dívida pública e um sistema bancário instável. O Brasil, continua ele, "enfrenta turbulência política, enquanto suas finanças públicas estão em um caminho claramente insustentável".

"A China tem uma bolha no mercado de habitação e de crédito que reduz a vista pelos Estados Unidos no início deste século. E tanto o Brasil quanto a Itália realizarão eleições parlamentares no próximo ano."

Lachman menciona também os efeitos que podem vir com o término do Acordo de Livre Comércio da América do Norte, e com outras tendências protecionistas que possam ser adotadas pelos Estados Unidos ou por outros país.

Ele critica a falsa segurança trazida pela regulação implementada após o colapso da Lehman Brothers em 2008. "É tarde demais para os formuladores de políticas fazerem algo relevante para evitar a formação de bolhas. No entanto, não é cedo demais para começar a pensar em uma maneira de responder a isto, de uma forma que possa nos libertar dos ciclos de expansão-queda que temos experimentado a cada 10 anos."

Uma outra questão é se a maior economia do mundo poderia liderar uma resposta a uma crise desta vez, com Donald Trump na administração.