Evaldo Lima: “Buscamos uma Fortaleza de Cultura para todos”

Apesar do cenário de crise e recessão, Fortaleza avançou e muito na área da Cultura. É o que comemora, baseados em dados e ações, Evaldo Lima. Em entrevista ao caderno cearense do Portal Vermelho, o secretário da Cultura de Fortaleza (Secultfor) enumera as conquistas na área, dentre elas a política de editais, todos quitados; as inaugurações de novos equipamentos e a criação de projetos que democratizam o acesso à arte na capital cearense. “Buscamos uma Fortaleza de cultura para todos”.

As prioridades e os desafios de Evaldo Lima, novo titular da Secultfor

No balanço das ações deste ano, Evaldo comemora. E não é para menos: as ações, inaugurações e projetos realizados em Fortaleza no campo da Cultura só ratificam o sentimento de dever cumprido. Quer seja no fomento ao Ciclo Carnavalesco, que apoiou os Blocos de Rua e o Carnaval da Domingos Olímpio; quer seja pela política de Editais, com todos pagos; na inauguração de novos equipamentos (Centro Cultural Belchior, Biblioteca Pública Municipal Herbênia Gurgel e Mercado Cultural dos Pinhões) ou ainda na consolidação de projetos como o Bom de Fortaleza, que oferece programação gratuita nas sete Regionais da cidade; o titular da Secultfor e sua equipe mostram que é preciso ousar, acreditar, ser criativo e realizar.

Editais

Evaldo destaca a superação de um de seus principais desafios: honrar a política de Editais. A Secretaria pagou integralmente o Edital das Artes de 2016, mais de R$ 3 milhões de reais. “Acreditamos que o cenário cultural é um vetor transversal que se impõe e exige fomento. E a Política de Editais surge para isto. O Edital das Artes é uma política que tem dez anos, com investimento total de R$ 16 milhões, beneficiando 1.025 projetos. Só em 2016, contemplou 13 linguagens de 194 projetos”, comemora.

Apesar de ser imprescindível, Evaldo chama atores da cultura e gestões uma reflexão. “O Edital das Artes nunca foi pago em prazo inferior a dois anos de seu lançamento. Nós já assumimos com débito da gestão anterior e, apesar da crise, honramos, integralmente, todos os compromissos”, reitera. Em dia, a Secultfor já planeja 2018: organiza o lançamento de novos editais, dentre eles o do Ciclo Carnavalesco e o das Artes.

Política e Cultura

Segundo Evaldo Lima, a Cultura pode e deve ser ferramenta de enfrentamento ao crescimento de uma onda conservadora que o país enfrenta. “Fortaleza é celeiro concreto e abstratos de manifestações, proposições, conceitos, invocações e revelações que produzem um caldo cultural a partir dos desejos de seus habitantes. Compreender as várias possibilidades e a latência de seus anseios é um grande desafio, principalmente diante do cenário político marcado pela retração econômica e retrocessos, a partir do Estado de Exceção imposto por este governo golpista e usurpador. A sociedade passa por uma onda conservadora, enfrenta ventos de fascismo e intolerância. Neste cenário, a Cultura tem papel estratégico de possibilitar afetos e conhecimento, além de poder apontar um horizonte que busque superar os traumas da contemporaneidade”, ratifica.

Novos equipamentos

Mesmo neste cenário de crise política e econômica, a Secultfor avançou muito na área da Cultura. “Inauguramos novos e importantes equipamentos para a cidade, como a Biblioteca Herbênia Gurgel, o Centro Cultural Belchior e o Mercado Cultural dos Pinhões, espaços que Fortaleza ganha nesta gestão”, comemora.

A Biblioteca Pública Herbênia Gurgel, localizada no Conjunto Ceará, foi inaugurada em outubro deste ano. Com estrutura física voltada especialmente para as crianças, o equipamento faz parte de uma política de valorização do livro, da leitura e do incentivo à literatura. Atualmente conta com acervo de aproximadamente 5 mil livros, oferece um espaço telecentro, com cinco computadores de acesso livre, sala multiuso, brinquedoteca e parque infantil.

Outra conquista para a cidade foi o Centro Cultural Belchior. Inaugurado em maio deste ano, o equipamento está em um dos principais cartões postais da Cidade: a Praia de Iracema. Em menos de seis meses, já sediou as exposições Cores e Cantos (Acervo de obras com a temática do cantor e compositor cearense Belchior); Aldemir Martins; Chico da Silva – Um Índio Brasileiro Reinventa a Pintura; “Folias da Saudosa Rua”, de Carmelita Fontenelle; “Recortes da Paisagem”, de Ronaldo Cavalcante e a "Mostra VIII de Maio", em parceria com a Associação dos Artistas Plásticos do Ceará.

Inaugurado em junho deste ano, anexo do atual Mercado dos Pinhões, o Mercado Cultural dos Pinhões transforma a região em Polo Cultural e Gastronômico de Fortaleza, referência da comida cearense. “São 18 boxes onde renomados chefs apresentam pratos baseados em insumos locais a preços de até R$10,00. A ideia é popularizar a sofisticação da nossa culinária”, defende.

Realizações imateriais

Evaldo Lima destaca o apoio ao Carnaval, quando foram homenageados o Centenário do Samba e o historiador Miguel Ângelo de Azevedo, o Nirez, “guardião da cultura cearense”. Os Festejos Juninos foram outro ponto alto das realizações da Secultfor neste ano. “Trata-se do fortalecimento das nossas tradições, com estímulo a grupos e festivais realizados nos diferentes bairros da cidade”, enaltece.

Evaldo também comemora o registro da Festa de Iemanjá como Patrimônio Imaterial de Fortaleza, realizada anualmente no dia 15 de agosto, nas Praias do Futuro e de Iracema. “É, acima de tudo, uma expressão do respeito à tradição religiosa de matriz africana e brasileira”. Teve também o Aniversário de Fortaleza, “com a opção política de todos os artistas que se apresentaram eram cearenses”, destaca Evaldo.

Mais projetos

Para Evaldo Lima, a concepção de Cultura deve transcender as linguagens artísticas para contemplar as várias dimensões do viver em sociedade. “Neste sentido, a lírica cultural deverá se constituir como instrumento de promoção do direito cultural a partir da democratização do acesso aos meios de criação, fruição e participação nas decisões no campo cultural. Buscamos uma Fortaleza de Cultura para todos, tornando-a acessível ao conjunto da população, ocupando os espaços públicos e possibilitando, democraticamente, trocas intra e inter bairros”.

Baseado nesta ideia, a Secultfor criou e consolidou o Bom de Fortaleza. Lançado em setembro, o projeto oferece programação cultural gratuita, aos sábados, em praças das sete Regionais da cidade (Polo de Lazer da Sargento Hermínio – Regional I , Praça do Mirante- Morro Santa Terezinha – Regional II, Praça Rodolfo Teófílo – Regional III, Praça Argentina Castelo Branco – Regional IV, Praça Padre Cícero – Regional V, Praça Deputado Paulo Benevides – Regional VI e Praça dos Leões – Regional Centro). Com 13 semanas de execução já foram realizadas 91 ações, com média de público de 36.000 pessoas, 455 apresentações culturais em diversas linguagens artísticas e 300 apresentações em Palco Aberto.

“A marca do projeto é a democracia participativa. Temos o intuito de promover o desenvolvimento de todas as linguagens culturais considerando os diversos segmentos sociais, sem hierarquia, valorizando a ação cultural de base territorial onde todos os atores sociais são convocados a atuarem como sujeitos das transformações. A estratégia gerou uma nova dinâmica cultural na cidade, com a inclusão de todos os segmentos da população revertendo a lógica de que uma minoria produz cultura e arte para a maioria consumir”, considera.

A Vila das Artes, equipamento cultural vinculado à Secultfor, teve este ano a formatura da primeira turma de Dança. “Foram dois dias de apresentações com o Theatro José de Alencar lotado”, comemora. Já a Casa do Barão de Camocim, equipamento que será integrado à Vila das Artes, também foi recebido neste ano. “Queremos, lá também, democratizar o acesso à cultura”.

Marca da gestão

Evaldo Lima considera que a marca da sua gestão é “garantir que as ações da Cultura, o ser e o fazer cultural, possam significar criatividade, zelo e eficácia”. “Queremos que ela possibilite uma redescoberta da cidade através de uma relação de mais amor, com ocupação qualificada dos espaços e, assim possibilitar uma maior valorização, descentralização e dinamização das políticas culturais. Além dos inúmeros cartões postais e de seu povo, a Cultura também é patrimônio de Fortaleza”.