Países muçulmanos exigem reconhecimento do Estado da Palestina 

O mundo deve "reconhecer o Estado da Palestina e Jerusalém Oriental como sua capital", disseram quarta-feira (13) representantes dos 57 países muçulmanos reunidos em Istambul; 

Erdogan - Reuters

A Organização de Cooperação Islâmica (OIC na sigla em inglês) reuniu-se de emergência após a declaração do presidente norte-americano, Donald Trump, que na semana passada reconheceu Jerusalém como capital de Israel e anunciou que mudará para a cidade santa a embaixada dos EUA. Essa decisão, disseram os 57 chefes de Estado e de Governo, "não tem qualquer validade".

A declaração de Trump de que Jerusalém é a capital de Israel – algo que nenhum outro país do mundo, tirando Israel, defende – sem fazer qualquer menção à reivindicação dos palestinos de que Jerusalém Oriental é sua capital, foi vista como um ato parcial e a favor de Israel.

Para a OIC, a declaração de Trump desqualificou Washington como mediador no processo de paz. Trata-se do "destruir deliberado de todos os esforços de paz, um incentivo ao extremismo e terrorismo, e uma ameaça à paz e estabilidade internacionais", dizia o comunicado final da organização.

No comunicado, a OIC também pede às Nações Unidas para “acabar com a ocupação israelita” na Palestina e repetiu que o grupo continua a defender “uma solução justa e um plano completo baseado na solução de dois Estados”. O líder do Estado da Palestina, Mahmoud Abbas, disse que não irá "aceitar qualquer papel dos Estados Unidos no processo político de agora em diante, porque é completamente parcial a favor de Israel".

Os palestinos "vão ao Conselho de Segurança" pedir para serem aceitos como Estado-membro das Nações Unidas, acrescentou, sem especificar como – o que já foi feito no final de 2014, esbarrando no veto norte-americano e voto contra da Austrália no Conselho de Segurança; a Palestina tem desde 2012 estatuto de estado observador na ONU (como o Vaticano), aprovado pela Assembleia-Geral.

Um "prêmio para a ocupação"

Erdogan disse que a Turquia irá “enfrentar o bullying americano” e chamou Israel de “um Estado de terror”. Disse ainda que a declaração de Trump foi um “prêmio” para ações unilaterais de Israel, para a ocupação, para a construção de colonatos, anexação de território e “violência desproporcionada e assassinatos”.

A importância da questão para países como a Arábia Saudita ou o Egito, que possuem ligação com os EUA, estava espelhada nos representantes presentes; ambos os países tinham uma representação de figuras menos importantes, ao contrário da Jordânia, Líbano ou Irã, dos quais os líderes estavam presentes.

O secretário-geral da OIC Yousef al-Othaimeen declarou a “rejeição e condenação da decisão americana”, e disse que esta é uma “violação da lei internacional” e ainda “uma provocação aos sentimentos dos muçulmanos em todo o mundo”.

Jerusalém é, para Israel, a sua capital "eterna e indivisível" e para os palestinos, a parte Leste da cidade é a capital de seu Estado, fato reconhecido pela ONU. Lá estão locais sagrados de extrema importância para judeus, muçulmanos e cristãos, o que levou o Conselho de Segurança a definir que todas as medidas que alteraram o caráter geográfico, demográfico e histórico e o Estatuto da Cidade Santa são nulas, sem efeito e ineficazes.