JK foi morto por provável atentado, diz Comissão da Verdade de Minas

"Nós analisamos novas documentações, um outro conjunto probatório e chegamos à conclusão que, muito provavelmente, muito possivelmente, o que aconteceu com Juscelino Kubitschek é que foi um atentado político, tendo em vista uma série de novas circunstâncias que foram objetos da pesquisa. (…) Pelo menos oito contradições são relatadas em nosso relatório", disse o coordenador da Comissão da Verdade de Minas, Robson Sávio Souza.

Juscelino Kubitscheck - .

Relatório final da Comissão da Verdade de Minas Gerais (Covemg) apontou nesta quarta-feira (13) contradições que sugerem a morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek como consequência de um atentado político, e não um acidente, como se acredita. No dia 22 de agosto de 1976, um carro Chevrolet Opala, placa NW-9326 RJ, onde estava Juscelino e seu motorista Geraldo Ribeiro pela Via Dutra, rodovia que liga São Paulo a Rio de Janeiro, foi atingido por um ônibus e bateu de frente com uma carreta Scania Vabis, placa ZR-0398-SC.

"Nós analisamos novas documentações, um outro conjunto probatório e chegamos à conclusão que, muito provavelmente, muito possivelmente, o que aconteceu com Juscelino Kubitschek é que foi um atentado político, tendo em vista uma série de novas circunstâncias que foram objetos da pesquisa. (…) Pelo menos oito contradições são relatadas em nosso relatório", disse o coordenador da Covemg, Robson Sávio Souza. As informações foram apresentadas na Assembleia Legislativa (AL-MG).

A suspeita da comissão mineira contraria o resultado da investigação a Comissão Nacional da Verdade (CNV). De acordo coma CNV, laudos e fotografias do acidente de carro que causou a morte de JK sequer sugerem elementos que suportem que Kubitschek morreu por causa de atentado.

Criada em 2013, a Comissão da Verdade de Minas Gerais envolveu mais de 100 pessoas, entre elas pesquisadores e voluntários, para ajudar a esclarecer os crimes cometidos durante o período da ditadura militar.

O relatório de 1.781 páginas, feito em quatro anos por mais de 100 pesquisadores, a Covemg também conclui que o Estado deve ser responsabilizado pela omissão ou conivência em casos de tortura, morte e desaparecimento. Segundo o coordenador da comissão, Robson Sávio Souza, o grupo mineiro apontou tentáculos da ditadura nos três poderes de Minas Gerais e no setor privado.