Empresas dos EUA se destacam no aumento mundial do comércio bélico

Voltou a crescer a venda mundial de armas e serviços militares, com destaque para empresas estadunidenses, sul-coreanas e algumas europeias; é o primeiro ano de crescimento desde 2010, período agudo da crise econômica internacional

aumento do comércio de armas

De acordo com dados divulgados nesta segunda-feira (11) pelo Instituto Internacional de Estocolmo de Pesquisas para a Paz (SIPRI, na sigla em inglês), as 100 principais empresas setor militar venderam um total de USD 374,8 bilhões em 2017 (cerca de R$ 1,2 trilhão no câmbio corrente).

Uma das principais campanhas do movimento internacional da paz é contra a militarização do planeta, negócio rentável para um complexo industrial-militar liderado por empresas sedeadas nos países imperialistas e seus aliados, os grandes promotores da guerra em todo o mundo.

Desde 2002, ano em que o SIPRI lançou os primeiros relatórios sobre a venda internacional de armas, o lucro do setor aumentou 38%. Foi aquele o momento de inauguração, pelo presidente estadunidense Geogre W. Bush e seus aliados europeus, da devastadora “guerra contra o terror”.

Enquanto o aumento global foi de quase 2% em comparação com 2015, as empresas estadunidenses na lista do instituto sueco informaram vendas no valor de USD 217,2 bilhões em 2016 — com destaque para a maior fabricante de armas do mundo, Lockheed Martin, cujas vendas aumentaram 10,7%.

“Com a aquisição da empresa fabricante de helicópteros Sikorsky no final de 2015 e o grande volume de entregas do avião de combate F-35, Lockheed Martin registrou um crescimento significativo em suas vendas de armas em 2016”, afirmou Aude Fleurant, diretora do Programa de Armas e Gasto Militar do SIPRI.

O instituto destaca ainda que “algumas das empresas incrementaram suas vendas por meio da aquisição das divisões de serviços militares de empresas maiores. Foi o caso da Leidos, por exemplo, que adquiriu os negócios de tecnologia de informação e serviços técnicos da Lockheed Martin.”

Na Europa, os principais produtores de armas e equipamentos militares são o Reino Unido, França, Alemanha e Itália. Em 2016, o aumento das vendas alemãs foi de 6,6% graças às empresas Krauss-Maffei Wegman, fabricante de veículos blindados (12,8%) e a fabricante de sistemas terrestres Rheinmetall (13,3%), beneficiadas pela demanda de armas na Europa, Oriente Médio e Sudeste Asiático, de acordo com o pesquisador Pieter Wezeman.

As empresas britânicas aumentaram em 2% suas vendas, embora as da quarta maior fabricante de armas a nível global, BAE Systems, tenha se mantido estável, com aumento de 0,4%. Ainda de acordo com o SIPRI, a empresa britânica cujo aumento de vendas foi o maior é a GKN (43,2%), fabricante de componentes aeroespaciais.

Na Rússia, o aumento de 3,8% acompanha uma tendência de estabilização: das 10 empresas russas entre as maiores vendedoras de armas do mundo, cinco registraram crescimento e cinco, redução. Na lista global do SIPRI das maiores vendedoras, a maior empresa russa é a United Aircraft Corporation, em 13º lugar, cujo crescimento das vendas foi de 15,6% em comparação com 2015, fornecendo principalmente para o próprio Exército russo e para exportação.

Já na Ásia, na categoria de “produtores emergentes” do SIPRI – empresas com sede no Brasil, Índia, Coreia do Sul e Turquia –, a tendência de 2016 é de incremento da venda de armas por parte das empresas sul-coreanas: 20,6%, cerca de USD 8,4 bilhões. No bojo da retórica sobre uma “ameaça” emanada da Coreia Popular e em aliança com os EUA, em frequentes manobras militares que mantêm a região em tensão, a Coreia do Sul alimenta a indústria bélica para abastecer sua demanda ao mesmo tempo em que “aspira a realizar seu objetivo de se tornar um grande exportador de armas”, diz o pesquisador Siemon Wezeman.