UE nega reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel

O primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu pediu à União Europeia que siga o exemplo do presidente dos EUA, Donald Trump, e reconheça Jerusalém como capital de Israel. Contudo, a opção dos ministros europeus é se afastar cada vez mais da decisão e Trump

protestos anti-trump

Netanyahu, ao chegar a uma reunião de ministros das Relações Exteriores da UE em Bruxelas, disse que a decisão de Trump supostamente tornou a paz no Oriente Médio possível “porque reconhecer a realidade é a substância da paz, a fundação da paz”. Apesar disso, na sexta-feira (8) protestos tomaram as ruas de Jerusalém, Cisjordânia e Faixa de Gaza. A decisão dos Estados Unidos inflamou também vários países no Oriente Médio e na Ásia, como a Indonésia, a Malásia, o Paquistão e o Afeganistão.

Em luta contra uma medida que vista como insulto às reivindicações palestinas, milhares de pessoas aceitaram o desafio de vários movimentos e cumpriram um "dia de raiva" contra Donald Trump e o Governo israelita. Os apelos aos protestos variaram entre a "revolta generalizada mas não violenta", do político Mustafa Bargouhti, à resposta contra a "declaração de guerra de Donald Trump", dos movimentos Hamas e Jihad Islâmica. Os pelotões reforçados do Exército de Israel travaram as manifestações dos jovens palestino; os confrontos fizeram pelo menos dois mortos e 200 feridos.

Mesmo os aliados europeus mais próximos de Israel, como a República Checa, avisaram que a decisão de Trump era negativa para os esforços de paz, enquanto França insistiu que o estatuto de Jerusalém apenas poderia ser definido após um acordo final entre israelitas e palestinianos.

Questionado pelos jornalistas acerca da decisão de Trump de mudar a embaixada norte-americana para Jerusalém, o ministro das relações esteriores checo, Lubomir Zaoralek, afirmou: “receio que isso não nos ajude. ”

Netanyahu, que ficou furioso com a aproximação econômica entre União Europeia e Irã, disse que a posição de Trump, condenada pelos palestinianos e por europeus, deveria ser imitada. “É tempo de os palestinos reconhecerem o Estado judaico e reconhecerem o fato de que tem uma capital. Chama-se Jerusalém”, afirmou, apesar das constantes investidas militaristas de Israel contra a Palestina e da falta de respeito aos territórios do Estado Palestino, indo contra as resoluções da ONU.

Na semana passada, o Ministério dos Negócios Estrangeiros checo disse que iria considerar alterar a embaixada checa de Tel Aviv para Jerusalém, algo que foi visto em Israel como um apoio à decisão de Trump. Mas Praga disse mais tarde que apenas aceita a soberania israelita apenas sobre Jerusalém Ocidental, uma vez que Jerusalém Oriental é capital e território da Palestina.
Os ministros europeus repetiram a posição da UE de que o território ocupado por Israel desde a guerra de 1967 – que incluem a Cisjordânia, Jerusalém Oriental e os Montes Golã – não integram as fronteiras internacionalmente reconhecidas de Israel, invadindo, portanto, te

Em encontro com o presidente francês Emmanuel Macron, Benjamin Netanyahu disse ainda que quanto mais cedo os palestinos assumirem que Jerusalém é capital de Israel “e não de qualquer outro povo”, negando assim Jerusalém como cidade santa de outras religiões além da judaica, como a cristã e muçulmana e, ainda, desrespeitando a resolução da ONU que estabelece Jerusalém Oriental como capital palestina. O primeiro-ministro israelense ainda afirmou que só assim “haverá paz”. O Hamas, no entanto, como forma de protesto e defesa contra as investidas Israelenses, declarou a possibilidade de outra Intifada.

Abbas, como primeira resposta e protesto à decisão da administração norte-americana em reconhecer Jerusalém como capital de Israel, se negou a encontrar com o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, durante a visita pela região em dezembro. “Os EUA ultrapassaram todas as linhas vermelhas com essas últimas decisões sobre Jerusalém”, disse Majdi al-Khalidi, conselheiro diplomático de Abbas, no dia em que a liderança palestina esteve reunida para decidir como responder a Trump.

“Vamos procurar um novo mediador entre os nossos irmãos árabes e a comunidade internacional, um mediador que nos permita concretizar a solução de dois Estados”, disse o chefe da diplomacia da Autoridade Palestiniana, Riyad Al-Maliki, antes de uma reunião de emergência da Liga Árabe, no Cairo.

Apesar da condenação unânime é, porém, pouco provável que os aliados árabes, a começar pela Arábia Saudita, estejam dispostos a um braço de ferro com Washington, num momento em que a sua grande preocupação é enfrentar o que dizem ser a crescente influência regional do Irão, a grande potência xiita.