Sem votos, Maia diz que está dífícil pautar reforma da Previdência

A pressa do governo e de aliados para aprovar a reforma da Previdência até 18 de dezembro não sai do discurso. E não é por falta de vontade, mas de votos. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), acredita que com os votos que tem até agora, não será possível votar a matéria no prazo planejado pelo governo.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia - Lula Marques/AGPT

Após encontro com o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, em São Paulo, nesta segunda-feira (11), Maia evitou dizer que reforma será votada nos próximos dias 18 e 19.

"Olhando de hoje para a próxima terça-feira (19), não é fácil votar esta matéria", disse ele. "Não é fácil votar na próxima semana. Se não conseguirmos votar neste ano, este tema não sai da pauta em hipótese nenhuma", completou.

De acordo com as conta de Maia, dos 28 parlamentares do DEM – partido que integra a base do governo -, 24 ou 25 devem votar a favor da matéria, ou seja, pelo menos três deputados rejeitam o texto. Se numa legenda como o DEM não há consenso, imagine nas demais siglas.

O governo tenta enquadrar os partidos da base por meio de seus ministros. O PSD, do ministro da Ciência, Tecnologia e Comunicações Gilberto Kassab, é um dos alvos, já que tem uma bancada de 38 deputados. A estratégia é pressionar para que os partidos fechem questão sobre a proposta, obrigando a todos os parlamentares a votar a favor da reforma, caso contrário sofre represálias ou até a expulsão.

Mas a tática também não tem surtido efeito. Kassab afirma que a decisão de fechar questão é da bancada do PSD, e não da Executiva.

"A direção do PSD deixou claro para a bancada que, se for a vontade da maioria, a executiva nacional faz o fechamento de questão. Jamais será algo de cima para baixo, sem respaldo da maioria da bancada", declarou Kassab, ao G1.

Diante da falta de votos em favor da reforma, o governo tem adotado o discurso de que nada está perdido. Temer afirmou no domingo (10), que ainda há possibilidade da matéria ser votada neste ano, mas também vê chance de ficar para 2018.

"Eu suponho que talvez seja possível [votar em 2017], mas, se não for, vamos encerrar a discussão ainda neste ano, e essa matéria da Previdência não vai parar. Se não for neste ano, será no início do ano que vem", afirmou o presidente, após discursar em conferência da Organização Mundial do Comércio (OMC).

O deputado Carlos Marun (PMDB-MS), que integra a tropa de choque de Temer na Câmara e foi anunciado como ministro da Secretaria de Governo, já considera que perdeu a batalha, diante do fracasso em colocar a reforma em pauta.

“Eu assumo quinta-feira com o objetivo de contribuir para que nós votemos na semana que vem. Sem dúvida alguma, se não conseguirmos, eu vou sentir a verdade: que nós perdemos uma batalha, mas não termos perdido a guerra”, disse Marun, nesta segunda (11).

Maia esconde o jogo e diz que ainda não tem o número de votos que seriam confirmadamente favoráveis à aprovação. "Eu não tenho este número. Até quarta-feira vamos ter uma sinalização mais clara se a gente está próximo aos 308, ou longe", disse. "A decisão de pautar [a reforma dia 18] é uma decisão da Presidência da Câmara. Mas eu não vou pautar uma matéria dessas se não tiver clareza que temos mais de 308 votos. Não é bom para o Parlamento e muito menos para o Brasil termos um resultado ruim. Até porque se expectativa for de derrota, o resultado ainda será pior do que o projetado na votação", disse Maia.