Agradando Centrão antes de votar Previdência, Imbassahy deixa governo

O ministro da Secretaria de Governo, Antônio Imbassahy, entregou nesta sexta-feira (8) sua carta de demissão ao presidente Michel Temer. O tucano vai reassumir seu mandato como deputado federal pelo PSDB da Bahia.

Temer e Imbassahy - Ueslei Marcelino - Reuters

A saída de Imbassahy do governo acontece na véspera da Executiva Nacional do PSDB, que vai escolher neste sábado (9) o governador Geraldo Alckmin (SP) como o novo presidente do partido, e também antes da votação da reforma da Previdência.

Como havíamos publicado, a saída do tucano era uma questão de tempo. Segundo fontes, a decisão foi acertada com Aécio Neves, que propôs a Temer que o anúncio fosse feito somente dias antes da convenção do PSDB. Mas a tropa de choque de Temer, liderada pelo deputado Carlos Marun (PMDB-MS), não se conteve e atropelou o acordo levando à suspensão das tratativas da substituir Imbassahy.

A trapalhada foi tanta, que o perfil do Planalto no Twitter chegou a publicar que Marun tomaria posse junto com Alexandre Baldy, que assume o Ministério das Cidades. A mensagem foi apagada e o governo suspendeu temporariamente as tratativas para substituir Imbassahy.

“Agora, senhor presidente, novas circunstâncias se impõem no horizonte. Agradeço ao meu partido, o PSDB, que entendeu que, após tarbalhar pelo impeachment [da ex-presidente Dilma Rousseff], e por coerência com a sua história, não poderia se omitir nesse processo de recuperação do país”, disse, na carta. O nome do deputado Carlos Marun (PMDB-MS) já circula no Palácio do Planalto como provável substituto na Secretaria de Governo. A escolha, no entanto, ainda não é oficial. Marun tem sido um dos principais articuladores de Temer na Câmara dos Deputados.

Imbassahy também cita na carta a reforma da Previdência, afirmando que o governo precisa do apoio do Congresso para avançar no tema. Com sua saída do governo, ele retoma sua vaga na Câmara dos Deputados.

Michel Temer aceitou o pedido do agora ex-ministro. Em carta de resposta ao pedido de exoneração, Temer afirma que é grato pelo que Imbassahy fez pelo governo e pelo país. O presidente também ressalta que o ministro foi fundamental para ajudar o governo a atravessar “momentos delicados”. Temer destaca a amizade que tem com ele e afirma que O tucano continuará a defender os interesses do país no Congresso.

“Sou-lhe grato. Pelo que fez pelo nosso governo e pelo país. Os momentos difíceis a que você alude na carta foram enfrentados todos por mim, mas com seu apoio permanente. […] O meu prazer por tê-lo tido como companheiro de jornada foi duplo: primeiro, pelas razões a que já aludi, mas em segundo lugar, e não menos importante, pela amizade fraternal que surgiu ao longo desse fértil período de convivência. […] Sei que, no Parlamento, continuará a defender os interesses do Brasil”, respondeu o presidente.

PSDB

O PSDB já tem sinalizado que pode deixar a base do governo Temer, mas ainda não houve formalização. Diante de declarações de tucanos, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, chegou a confirmar a saída dos tucanos da base na semana passada. “O PSDB não está mais na base de sustentação do governo”, disse, em entrevista a jornalistas no final de novembro. “O PSDB tem interesses políticos que está procurando preservar. O presidente Michel Temer tem a responsabilidade de governar e preservar sua base de sustentação”, afirmou.

Imbassahy é o segundo tucano a deixar o governo. Antes, Bruno Araújo pediu demissão do cargo de ministro das Cidades em meio a rumores sobre uma possível reforma ministerial que envolveria a saída de integrantes do PSDB da equipe de governo. Único tucano ainda no governo, o ministro de Relações Exteriores, Aloysio Nunes, negou que o partido tenha rompido com o governo.

“O que disse o ministro Padilha é que o PSDB não faz parte da base de governo. O PSDB apoia o programa do governo, o PSDB não rompeu com o governo. Participação no governo ou não é uma questão do presidente”, disse.

Neste sábado (9), o PSDB se reúne, em Brasília, para eleger o novo presidente e os membros da Executiva do partido. Durante a Convenção, há a expectativa para uma definição sobre a permanência ou não da legenda na base do governo.