Manifestação simbólica em defesa de Cristina Kirchner

Grupos de diversos setores da esquerda, apoiadores da ex-presidenta e movimentos populares acompanharam a concentração das Mães da Praça de Maio, todos em repúdio à decisão do juiz Claudio Bonadio em pedir a prisão preventiva da senadora Cristina Kirchner

Manifestação em defesa de Cristina Kirchner - Télam

A manifestação coincidiu com a marcha de resistência protagonizada pelas Mães da Praça de Maio, que ocorre todos os anos reunindo mulheres que exigem notícias de seus filhos desaparecidos durante da ditadura militar na Argentina, como protesto contra os anos violentos da repressão.

Além de protestar contra a decisão de Bonadio, os manifestantes também criticaram funcionários do atual governo, entre eles a ministra da Segurança Patricia Bullrich, acusada de ter responsabilidade sobre a morte de Santiago Maldonado e Rafael Nahuel.

Amanhece em Buenos Aires na sexta-feira (8), mas as Mães da Praça de Maio continuam desde quinta-feira (7) nesse emblemático lugar, como fizeram durante as épocas mais duras. Agora, encontram-se novamente em outra marcha pela resistência, dessa vez contra o desemprego e a fome.

Apesar de sua avançada idade, as Mães, muitas delas com mais de 90 anos, são escoltadas nessa jornada de luta por muitos jovens e organizações sociais, em uma manifestação que começou na quinta-feira (7), sem interrupções, e que está sendo marcada por um clima agitado depois da ordem judicial de remover os fóruns parlamentares e do pedido de prisão preventiva da senadora e ex-presidenta Cristina Kirchner.

Desde o início da tarde de ontem, onde todas as quintas-feiras fazem sua volta na praça de Maio, a uns passos da Casa Rosada, sede presidencial, as mães começaram a se mobilizar junto a outros setores sob um lema que ecoou nesse emblemático lugar: “a falta de trabalho é um crime pelo qual alguém deve pagar”.

Ao intervir na jornada, a presidenta da Associação, Hebe de Bonafini, reafirmou que “são dias muito tristes, muito amargos, mas temos que estar felizes porque somos capazes todos os dias de encher uma praça”.

Depois de discursar sobre as medidas do Poder Judicial nas causas contra vários ex-funcionários do governo anterior, incluindo a ex-presidenta, todos acusados de suposto delito de traição à pátria, a incansável defensora dos direitos humanos foi enfática ao assinalar que: “se tocarem Cristina, haverá 10 praças cheias como essa. Será uma tormenta sobre o país, e quem fará a tormenta? O povo com suas bandeiras”, disse.

Na praça escutaram-se discursos, cânticos, consignas e momentos realmente emotivos em um ambiente que coincidiu com uma convocação espontânea dos movimentos sociais de base contra a “perseguição a opositores”, depois da ordem do juiz federal Claudio Bonadio.