ANPG defende universidades públicas contra tentativa de privatização

Segundo a presidenta da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), Tamara Naiz, a condução coercitiva dos três reitores, ex-reitores e professores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) não é uma situação isolada e faz parte de uma desqualificação das universidades públicas pelo governo Michel Temer e pela Polícia Federal tendo em vista a privatização.

Por Verônica Lugarini*

Tamara Naiz - .

Na manhã desta quarta-feira (06), a Polícia Federal mostrou mais vez a sua arbitrariedade ao realizar uma ação ostensiva na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e conduzir coercitivamente o reitor, Prof. Jayme Ramirez, a vice-reitora, Sandra Goulart, o ex-reitor, Prof. Clélio Campolina, a ex-vice-reitora, Heloisa Starling, além de outros professores.

Para a presidenta da Associação Nacional de Pós-Graduandos, Tamara Naiz, esse acontecimento não é uma coincidência. Segundo Tamara, a condução coercitiva foi realizada dentro de um cenário específico de incessantes tentativas de privatização das universidades públicas pelo governo Michel Temer e, inclusive, pelo Banco Mundial que sugeriu o fim do ensino superior gratuito no Brasil.

“Na minha opinião isso não é uma coincidência. A operação da Polícia Federal quer desqualificar as universidades públicas com o tema corrupção, contribuindo para o debate de privatização da universidade que vem sendo discutido”, afirmou Tamara Naiz em entrevista ao Portal Vermelho.

“Essa ação da PF vem no momento em que o Banco Mundial defende a privatização e a cobrança da mensalidade. Ou seja, não é uma situação isolada. Na realidade, é lamentável que a PF tenha agido da mesma forma que agiu no caso da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Ela agiu sem provas e sem apuração de fatos. Há uma espetacularização e isso é preocupante para quem tem uma carreira pública e para os reitores”, explicou a presidenta.

Questionada se acredita que essas ações arbitrárias da Polícia Federal podem continuam ocorrendo, a presidenta respondeu:

“Acredito que agora as universidades estão sob os holofotes e é preciso estará atento e ver o que há por trás dessas ações. Por isso, a comunidade acadêmica e científica precisa estar mobilizada para denunciar esse momento de ataque às instituições públicas. Agora é o momento de defesa das universidades”, finalizou ao Vermelho.

Em nota, a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) informou que “a operação foi feita nos mesmos moldes da ocorrida na Universidade Federal de Santa Catarina, onde a Polícia Federal, em conjunto com a Controladoria Geral da União (CGU) e o Tribunal de Contas da União (TCU), invadiram uma universidade numa operação midiática”.

Confira nota na íntegra:

ANPG e APGs mineiras se posicionam sobre a ação da PF na UFMG no dia de hoje

A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta quarta-feira (6) a Operação Esperança Equilibrista na UFMG, com o objetivo de apurar a não execução e o desvio de recursos públicos. O reitor Jaime Arturo Ramírez, a vice-presidente, Sandra Regina Goulart Almeida, o ex-reitor Clélio Campolina e mais alguns professores da universidade foram levados coercivamente pela PF para prestar depoimentos, em uma ação que fere os direitos de todos os cidadãos.

A ANPG se posiciona contra e alerta: “Estamos sofrendo uma tentativa de golpe na UFMG. Hoje pela manha o reitor Jaime e a vice reitora Sandra foram conduzidos pela policia federal sob acusação de desvio de recursos em obras relacionadas a um projeto sobre anistia executado pela UFMG. Jaime e Sandra são grandes progressistas, sabemos o que está em jogo. Essas ações da PF pretendem de desqualificar as gestões públicas com o tema da corrupção contribuindo para o debate de privatização das universidades. Não podemos nos calar diante do ataque à universidade pública! Não podemos aceitar a instrumentalização da justiça para interesses políticos e anti-nacionais!”, explicou a presidenta da entidade, Tamara Naiz.

Para o vice-presidente sudeste da ANPG, Laís Moreira muita coisa está em jogo: “O que aconteceu com a UFMG não pode ser tratado com normalidade, é um ataque a reitora que recentemente foi eleita de maneira democrática mas principalmente, é um ataque a instituição. O que está em foco é deslegitimar a gestão da universidade pública e dos reitores mais progressistas. Precisamos nos posicionar! As APGs mineiras estão a postos para se somar a esta luta”, diz.

As pós-graduandas e os pós-graduandos da UFMG e ANPG estão mobilizados e junto com toda a diretoria da entidade escreveram uma nota sobre o assunto.

Nota sobre a ação da PF na UFMG

Hoje, logo pela manhã, fomos surpreendidos pela notícia de que a Polícia Federal invadiu a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) levando em condução coercitiva o reitor, a vice-reitora, e mais seis pessoas em uma operação denominada de “Esperança Equilibrista”. A operação teria como alvo apurar desvios de recursos em obras no Memorial da Anistia, construído pela universidade.

A operação foi feita nos mesmos moldes da ocorrida na Universidade Federal de Santa Catarina, onde a Polícia Federal, em conjunto com a Controladoria Geral da União (CGU) e o Tribunal de Contas da União (TCU), invadiram uma universidade numa operação midiática. Já sabemos o quão triste foi o desfecho desse tipo de ação na UFSC, ocorrida em setembro deste ano.

O Reitor Jaime Arturo e a vice-reitora Sandra Goulart são democratas, progressistas e fortes defensores da universidade pública, por isso nos solidarizamos com eles e todos os professores conduzidos coercitivamente, pois sabemos o impacto que esse tipo de ação tem em suas vidas e carreiras como funcionários públicos. Não é razoável que, mesmo depois da trágica morte do reitor Cancellier (da UFSC), em outubro deste ano, a PF não tenha mudado sua abordagem, já que manteve uma ação sem apuração em que não há suspeitos, mas há muita espetacularização.

É preciso dizer que essa operação não é isolada, sabemos que o que está em jogo, essas ações da PF pretendem desqualificar as gestões públicas com o tema da corrupção, contribuindo para o debate de privatização das universidades, justamente num momento em que o próprio governo e organismos internacionais defendem a redução e a cobrança de mensalidade nas instituições públicas de ensino superior.

A ANPG e os pós-graduandos da UFMG estão mobilizados. Já havíamos denunciado, pela ocasião dos fatos na UFSC, que, neste momento vivemos em um período de ataques às instituições públicas e tais práticas chegam mais uma vez à Universidade Pública Brasileira.

Afirmamos mais uma vez que continuaremos na defesa incansável da educação pública, gratuita e de qualidade e de mais investimento em pesquisa e desenvolvimento para que possamos superar esse conturbado momento da nossa história.

Reiteramos ainda nossa defesa pelo direito ao contraditório e da presunção de inocência para todos os indivíduos, garantidos pela constituição cidadã de 1988. Não podemos nos calar diante do ataque à universidade pública. Também não podemos aceitar a instrumentalização da justiça para interesses políticos e anti-nacionais!

Minas Gerais, 06 de dezembro de 2017

Associação Nacional dos Pós-graduandos (ANPG)
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