Intenção de Trump de transferir embaixada para Jerusalém é inaceitável

Promessa de campanha feita ao lobby sionista, o presidente Donald Trump busca formas de realizar a provocativa mudança da Embaixada estadunidense em Israel de Tel Aviv para Jerusalém. Reconheceria assim a cidade histórica como a capital israelense, na contramão do dito “consenso internacional” sobre uma solução para o conflito regional. 

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Em nota deste domingo (3), o secretário-geral da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) Saeb Erakat afirma que a medida colocaria em causa o papel de “mediador”, que os EUA alegam desempenhar.

A mídia israelense nota, neste fim-de-semana, o iminente adiamento da mudança da Embaixada por Trump, acusando-o de quebrar a promessa eleitoreira feita ao Comitê Americano de Relações Públicas de Israel (Aipac), em 2016. Entretanto, aqueles próximos ao presidente estadunidense garantem que ele busca formas de cumpri-la.

Apenas dois anos após a assinatura da Declaração de Princípios que lançava os chamados Acordos de Oslo, em 1993, entre Israel e a Palestina, o governo dos EUA, então presidido por Bill Clinton, que se apresentava como o mediador, aprovou uma lei para a mudança da Embaixada estadunidense de Tel Aviv para Jerusalém. A medida incluía a possibilidade de o presidente adiar a mudança a cada seis meses por questões de “segurança nacional”. E assim fizeram todos os presidentes desde então, inclusive Trump.

As tentativas de anexação de Jerusalém por Israel são reiteradas e vão desde a aprovação da lei que estende unilateralmente a jurisdição israelense para toda a cidade (1980) até as medidas práticas de construção de colônias na porção palestina e obstáculos como o muro de separação, a demolição sistemática de casas e a possibilidade de revogação da permissão de residência aos palestinos como medida punitiva, entre outras.

Apesar do adiamento da mudança pelos sucessivos presidentes, segundo porta-vozes, Trump deverá anunciar que reconhece Jerusalém como a “capital eterna do povo judeu” e, consequentemente, de Israel, conforme a classificou durante a campanha eleitoral, em evento do Aipac. Caso o faça, o povo palestino e os países da região considerarão a medida uma grave provocação, uma vez que Jerusalém tem importância histórica para os diversos povos e as três maiores religiões monoteístas.

Entretanto, é preciso ressalvar que a liderança israelense insiste em apresentar a questão como uma disputa religiosa, despolitizando o que é uma luta por libertação nacional contra um regime racista e colonialista aliado ao imperialismo estadunidense na região.

Em nota deste domingo (3), o secretário-geral da OLP Saeb Erakat, responsável pela equipe diplomática palestina nas negociações com Israel, afirmou que Jerusalém é “o coração do Mundo Árabe”, um símbolo da região cujo “destino é fundamental para quaisquer esforços para uma região pacífica e estável.”

Erakat recordou o compromisso assumido pela OLP com os esforços de paz ao, em 1988, aceitar as fronteiras anteriores à guerra de junho de 1967 (quando Israel passou a ocupar militarmente o território palestino). Ainda assim, enfatizou que o compromisso pressupunha a parte oriental de Jerusalém como a capital do futuro Estado da Palestina. “Este passo foi tomado em consonância com o direito internacional e as resoluções da ONU que afirmam claramente que Jerusalém não é a capital de Israel e que sua anexação ilegal da cidade, assim como as medidas tomadas para implementar tal prática ilegal, são nulas e vazias.”

O secretário-geral da OLP condenou a decisão do governo estadunidense e considerou que tal medida não só viola as instituições e o direito internacionais, mas também desqualificam os EUA para “qualquer papel em qualquer iniciativa por alcançar uma paz justa e duradoura.”

Será a confirmação da posição dos EUA, por tanto, já reiterada através do bilionário patrocínio anual ao setor militar israelense e o apoio político incondicional a um regime de segregação, massacre e colonização, sustentado há décadas pela política externa estadunidense.