Benzeno: Metalúrgicos na BA movem ação contra grupo estrangeiro

O grupo franco-americano Vescon/Cameron/Schlumberger se tornou alvo, em 11 de novembro passado, de uma Ação Civil Pública (ACP) movida pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas (Stim) de Simões Filho (BA). A entidade acusa o grupo de armazenar e descartar irregularmente “compostos químicos com altíssimo potencial cancerígeno”, como o benzeno e o tolueno, “em todos os seus processos produtivos”.

Benzeno rsisco à saúde - Reprodução

A área de produção da fábrica em Simões Filho foi fechada no começo de 2016, mas os efeitos da contaminação persistem. De acordo com a denúncia, os “resíduos tóxicos” afetaram não apenas os trabalhadores. Como o descarte se acumulava no Aquífero São Sebastião – o principal reservatório natural do estado da Bahia –, toda a população de Salvador e da Região Metropolitana foi exposta à contaminação.

“Os processos de descarte na reclamada não eram realizados na forma prevista pela legislação ambiental, sendo utilizados serviços de limpa-fossa comuns, com o despejo de poluentes junto ao emissário submarino”, relata trecho da ACP. Com isso, cada vez mais ex-trabalhadores da empresa são diagnosticados com carcinomas diversos, com um caso até de óbito. Na comunidade de Ilha de Maré, por exemplo, houve alta no registro de leucemia e outros linfomas.

Conforme a ação civil pública, “o linfoma é listado pela Previdência Social como doença com nexo de causalidade legalmente presumido para os casos de exposição a benzeno”. Além de mover a ACP, o Stim levará a denúncia à mídia local e notificará o Ministério Público, órgãos ambientais e organismos internacionais, em especial a OIT (Organização Internacional do Trabalho).