De olho em 2018, Alckmin fala em desembarque do PSDB do governo

Responsável pelo golpe contra a democracia e principal fiador do governo de Michel Temer, o PSDB está colhendo o que plantou. Com a legenda rachada, os tucanos dizem que vão se unir em torno da eleição. Há mais de uma década os tucanos tentam voltar a ocupar a Presidência da República, sem sucesso.

Temer e Alckmin - Beto Barata/PR

A disputa interna pela presidência do partido entre o senador Tasso Jereissati (CE), que rompeu com Aécio Neves (MG) – afastado da presidência da sigla desde a denúncia da Procuradoria-Geral da República – e do governador Marconi Perillo (GO), candidato supostamente articulado por Aécio, foi resolvida seguindo o método da democracia tucana: um jantar com dois ou três membros da cúpula.

Tasso e Perillo teriam decidido retirar suas candidaturas e quem fez o anúncio foi o governador de São Paulo Geraldo Alckmin, apontado como o próximo presidente da legenda definido no acordão.

“Ambos (Tasso e Marconi) me disseram que abririam mão de suas pré-candidaturas caso eu tivesse disposição de participar. Agradeci a generosidade e desprendimento dos dois e, se meu nome puder unir e fortalecer o partido como instrumento de mudança para o Brasil, é nosso dever (aceitar)”, afirmou o governador, após um jantar com Tasso, Marconi e FHC.

Mas o ninho tucano está longe de encontrar a paz. “Eu não vou desistir”, afirma o prefeito de Manaus, Arthur Vírgilio, que é pré-candidato.

Apesar do tom pacificador de Alckmin, dizendo que vai buscar a composição de todas as alas da sigla, Virgílio dá demonstrações de que não há conciliação. Classificou a decisão de colocar Alckmin na presidência do PSDB como uma “insensatez”.

Para Alckmin, a presidência do PSDB representará um passo adiante para ser o candidato da legenda à Presidência, tendo ainda acesso a todos os recursos do partido para a sua pré-campanha.

Virgílio, por sua vez, afirma estar disposto brigar pela vaga de presidente do partido. “O Alckmin está se escondendo de mim”, provoca. Ele diz que vai pedir a realização de debates em dez cidades brasileiras para cobrar de Alckmin as vezes em que São Paulo se opôs ao resto do país em demandas federativas.

Alckmin está numa posição mais confortável com o enfraquecimento de Aécio, ainda que o discurso contra a concentração paulista no comando tucano tenha reverberação.

O tucano já adiantou que uma eventual chapa encabeçada por ele na disputa à presidência terá que contemplar nomes de outras regiões do país. "É natural que em um país continental como o Brasil, com realidades tão diferentes, que você faça uma chapa procurando contemplar outras regiões".

Alckmin já começou a modular o discurso para a campanha. Saiu do tom em cima do muro, como de costume, para falar em desembarque do governo Temer. Nesta terça-feira (28), disse que, se assumir a presidência do PSDB, a legenda "desembarca do governo Michel Temer".

"Eu acho que não tem nenhuma razão o continuar no governo. Já não é de hoje que penso assim. Mas as reformas vão continuar", acrescentou, em entrevista à Rádio Bandeirantes.

O tucano sempre buscou um tom ameno quando o assunto era o governo Temer. Já de olho nas eleições de 2018, defendia que o PSDB deveria apoiar o governo, sem necessariamente participar com ministro. A estratégia agora é se afastar da impopularidade de Temer, mantendo uma distância do governo e, assim, reduzir os impactos do desgaste nas urnas.